17.7.06

Segue abaixo um texto do Chacal publicado em www.cep.zip.net sobre o filme "Memória e História em Utopia e Barbárie", do Silvio Tendler, exibido na mostra "Utopia - Trilogia Silvio Tendler", que estou produzindo na UFF. Nesta quinta tem exibição de "Os anos JK" e dia 26/07 "Jango" completa a trilogia, no Auditório Macumaíma (Campus do Gragoatá, Bloco B, Sala 405), às 16h30 e às 18h30, com debate após a segunda sessão.

Esses dias atravessei a baía de guanabara na velha barca da cantareira. me lembro de ainda fazer a travessia, vendo golfinhos pulando na esteira da barca, lá pelos idos dos anos 50. as barcas pouco mudaram. Mas a baía, bem... virou cloaca, miasma. os golfinhos ficaram só na brasão do estado do rio de janeiro. azar dos humanos.
Fui assistir ao primeiro filme da Mostra Sílvio Tendler, organizado pelo Proac na UFF, a convite da minha querida Beatriz Tavares. O filme, ainda inédito, chama-se “Utopia e Barbárie” e apresenta vários movimentos que a partir do Pós Guerra, mudaram a cara do mundo. Das Guerras do Vietnã aos Panteras Negras, da luta armada no Brasil, no Chile e na Argentina (tem um depoimento espetacular de uma mãe da Praça de Maio) ao Movimento Feminista. O filme é muito bem documentado com depoimentos do General Giap, grande guerreiro vietcong a Daniel Cohn-Bendit, de Wladimir Palmeira a Zé Celso Martinez Correia. É um excelente retrato da turbulenta metade final do século passado. Faltou apenas, a meu ver, focar com mais vigor, o Movimento de Contracultura, com o rock, a psicodelia, a revolução sexual. Sem dúvida esse movimento deixou marcas profundas na cara da humanidade e ajudou em muito a terminar com a guerra no Vietnã. Mas essa praia não é a do Sílvio, que estudava na Sorbonne em 1968 e não desenvolveu o que disse Zé Celso sobre a revolução do “aqui agora” que troca a luta pelo poder pelo prazer de estar vivo.
Enfim, valeu a viagem. Era dia 29 de junho, dia de São Pedro.
Na saída, a praça de São Domingos fervilhava. Beatriz me levou até a barca.
Fomos comendo pipoca e exercendo o tal prazer.
A Mostra Sílvio Tendler continua. Quem quiser saber das nossas memórias contemporâneas é só se atirar.

(Chacal comenta o filme no debate com Silvio Tendler e provoca questões; eu percebo a presença do fotógrafo e me encolho em vão)

2 comentários:

Anônimo disse...

bia, essa informação que o sílvio estudou na sorbonne em 68, não é real. me equivoquei. o depoimento dele é muito sincero. no filme e nessa fala aí em cima. vivemos sentimentos muito parecidos em relação à luta armada. meu caminho foi pela poesia. e pelo "aqui agora", que é aquele nada que é tudo. bj, chacal

Beatriz Provasi disse...

Há muitos caminhos. A maioria não leva a lugar nenhum. Tua poesia é potente. O cinema do Silvio é potente. Não sabemos onde isso vai dar, então que pelo menos tenhamos prazer na caminhada. E em vez de reuniões a portas fechadas, façamos a revolução a céu aberto, que é pra arejar as idéias!... Beijos!