28.1.08

acordei no carnaval (marchinha)

acordei no carnaval
já não sei mais quem é quem
a bacante vira ninfa
e a ninfeta drag queen

tem gente que perde a linha
fica na mão do palhaço
e no meio da marchinha
tem quem perde até cabeça

acordei no carnaval
não sei nem o que pensar
homem vira borboleta
a mulherada vai caçar

tem a turma da manguaça
que não perde a saideira
e os que mamam na cachaça
só pra ver entrar a mangueira

acordei no carnaval
não sei nem mais quem eu sou
quem sabe uma colombina
ou talvez um pierrot

já não sei se eu acordei
ou então se eu tô sonhando
que no bloco eu te encontrei
e vi que você tava olhando
você era o sultão
eu tava de odalisca
e pra provar que não é sonho
vem aqui, vem, me belisca

23.1.08

Dia 30: Versos da Meia-Noite

VERSOS DA MEIA-NOITE
FOLIA POÉTICA
PERFORMANCES / PROJEÇÕES / DJS / SHOWS / E MUITA POESIA


“PURPURINA É UM ÁCIDO QUE DURA VÁRIOS DIAS” (CHACAL)


SOLTANDO A FANTASIA E VESTINDO A POESIA:

SABASAUERS (MOVIMENTO INVERSO)
ADRIANA MONTEIRO DE BARROS (PIANOS INVISÍVEIS)
RATOS DI VERSOS
PALAVRA ROUPA A CENA (DUDU PERERÊ e IVNY MATOS)
GLAD AZEVEDO (VOZ e VIOLÃO)
EDU PLANCHÊ
BAYARD TONELLI
THEREZA CHRISTINA ROCQUE DA MOTTA
MADAME KAOS (BEATRIZ PROVASI, JUJU HOLLANDA e MARCELA GIANNINI)
ERICSSON PIRES

ENGOLINDO CONFETE E CUSPINDO SERPENTINA:
GEAN QUEIROZ

RIO / 30 JAN / QUARTA / 23HS
FOSFOBOX BAR CLUB
RUA SIQUEIRA CAMPOS 143 LJ 22ª
ATÉ 00H R$10 / APÓS OOH R$ 15 / COM FLYER R$ 10
versosdameianoite@hotmail.com




Dia 29: Miscelânea Odeon


22.1.08

nos sertões de canudos...

p/ os que amanheceram: Adriano Salhab, Mariano Mattos Martins, Quinho, Danilo Moreno, Carla Brasilina e Auri Porto

foi tanto amor
que não vi guerra
vi nascimentos
nenhuma morte
não, sangue não
todo o vermelho
era paixão
todos os corpos
puro desejo
mesmo estirados no chão
não houve luta nenhuma
nem duas
foi conquista
sedução
foi entrega
jamais rendição
uma oferenda
um culto, celebração
foi tanto amor
que não se acaba
no apagar das luzes
se reacende
com o sol nascente
derramando raios
por todo o açude

20.1.08

contra calos e cacos

se uso saltos, crio calos
e se descalça, pisar em cacos?
e se forem os meus, meu deus?!
o problema,
em todo caso,
é o peso
sobre os pés.
é por isso que eu ando no mundo da lua
onde as coisas não têm gravidade
onde tudo flutua...
e é por isso que eu volto pra cá
só pra deixar o mundo
de pernas pro ar!...

19.1.08

Poesia é fantasia!!!

Gente, inda dizem que poesia não dá dinheiro!... Acabo de participar de um concurso de fantasias no Centro Cultural Carioca comandado pelo Boitatá. No corpo não tinha nada além de uma mini saia jeans, uma blusa preta com lantejoulas, óculos escuros e salto alto (e a minha cara de pau). A fantasia que apresentei pro concurso foi em forma de poesia... e... pasmem! eu ganhei!!! Ganhei um drinque (pedi o mais caro!) e o couvert artístico liberados, que no total somavam cerca de R$30,00. E ainda dizem que poesia não dá dinheiro... Vai abaixo o poeminha carnavalesco que falei lá:

a menina e o carnaval

o que brilha é purpurina
ou são os olhos da menina
ela voa feito confete
e desenrola feito serpentina
ela se cobre de fantasias
quem a vê sambar no pé
nesse corpo de mulher
nem percebe que ela é só uma menina
e a menina...
a menina apenas brinca

18.1.08

No Corujão do João: Recitei pra Chico Buarque - pena que Ele não estava lá...

DA TUA BEATRIZ

“Sim, me leva para sempre Beatriz
me ensina a não andar com os pés no chão
para sempre é sempre por um triz”
(Chico Buarque de Hollanda)


Por que, meu deus, por quê?
nem mesmo por um triz
Chico nunca vai me cantar Beatriz,
nem olhar bem nos olhos meus,
mesmo que seu olhar seja de adeus...
Joga a pedra na Geni
e a Januária pela janela!
Cala a boca da Bárbara!
a Ana é de Amsterdam
a Joana, francesa - d’accord?!
Acorda!
a Rita levou seu sorriso
a Rosa, seu projeto de vida
Iracema voou
Carolina não viu
Madalena lá do mar
te deixou a ver navios
Até a Renata Maria se desvaneceu!...
Ah, meu guri!... quem te viu? quem te vê?
deixa a banda passar...
deixa o barco correr...
Àtenas com as outras mulheres!
A Luíza fora do Tom
Eu, mesmo fora do tom,
te dei meus olhos pra tomares conta
agora canta
canta a sua atriz
me canta,
nem que seja num sambinha feliz...

(e eu te levo para sempre, sim,
te ensino a não andar com os pés no chão...)

asas e pés descalços

tudo o que falo
o que me importa
são asas e pés descalços
amor e morte
asas e pés descalços
às vezes, no amor, uso saltos
às vezes, os atiro ao alto
mas sempre vôo livre...
quando me vejo morta
são asas cortadas
pés bailando no abismo
estar viva é voar alto
ou fincar pés no chão
cada coisa a seu tempo
até o tempo voa,
ou corre
tem pés e tem asas,
como nós
no amor, às vezes, pára
como na morte
e de que nos protegem, afinal, os sapatos?
e os braços cruzados?

17.1.08

Blogue novo na área

Meu amigo Franco (o paulista pra quem dediquei um poema) resolveu criar um blogue pra postar seus escritos. O endereço: www.vastoeimperfeito.blogspot.com . Publico abaixo o poema que ele fez durante sua estada no Rio, mais precisamente nas areias de Ipanema. Já com saudades de suas imitações baratas do nosso carioquês, de suas piadinhas infames, discussões sociológicas e de dançar alucinadamente com ele nas nossas melhores noitadas!...

7 tiros.

Saí de casa correndo como um louco,
Atropelando mendigos tresloucadamente
Como os tais elefantes e pássaros do
Subcontinente indiano quando do Tsunami
(Quem se lembra?!).
Mas me esqueci, meio que querendo esquecer,
Meus sapatos, meus charutos, e algumas
Economias depositadas no bolso d’um
Paletó no meu antigo (?) armário, pois
POR DINHEIRO AS PESSOAS SEMPRE VOLTAM.
Saí correndo como um Forrest Gump
Tolo e temeroso, chutando pombos e com
Um rifle chamado DESTINO
Apontado para o céu, atirando em várias direções:
Verdadeiras balas perdidas...
O primeiro projétil acertou uma antiga paquera
(JÁ NÃO ERA SEM TEMPO!);
Ela mereceu, eu mais ainda.
O segundo, em bares e garrafas de vinho
Espalhados pela cidade de São Paulo;
BALAS PELA NOITE PAULISTANA! ÊBA!
Já o terceiro tiro teve que ser mais
Pragmático: casa nova,
A bala mais necessária para um projétil
SEM PROJETO!
O quarto tiro acertou em quatro mulheres d’uma
Só vez, numa espécie de fila indiana:
Percebi que tinha uma boa arma em mãos, afinal.
O quinto tiro disparei no Rio de Janeiro:
Da sacada de um apartamento em Santa Tereza,
A tal bala rechicoteou na
Baía de Guanabara, pegou o Aterro em direção
À Copacabana com seus fogos de ano novo,
O Arpoador com seu mirante e
Ipanema com o seu TODOTOTALIMAGÉTICO.
Bala perfeita, essa...
O Rio ainda foi palco do meu sexto tiro:
Uma tigresa com um coração galinha de leão,
Fina flor da feminilidade carioca.
Já o sétimo tiro não foi bem com balas,
Mas na balada, até as 7 da manhã.
7 tiros e
Pá, pá, pá, pá, pá, pá, pá!
...
São oito horas da manhã, e penso que quando eu voltar
A minha mira para as coisas e os charutos
Que deixei pra trás, terei que ter um
Cartucho extra de balas ou,
Como Hemingway,
Dar um adeus às armas,
Ainda que temporariamente.
Atirar cansa.
Ou não.


Franco Chiariello

15.1.08

sobre os saltos

mais que sobre os saltos
ando mais alto
quando calço as nuvens

quando pés descalços

13.1.08

a prova...

...foi bem pior do que eu esperava.
finalmente parei em casa.
peguei dois filmes.
vi na seqüência.
agora vou arrumar meu quarto.
retomar o livro que estava lendo
no ano passado.
vou parar de beber.
vou parar de fumar.
mas isso só depois
que o carnaval passar...
amanhã mesmo quero voltar a trabalhar.
vou renovar o seguro do carro.
essa semana tem ortodontista.
vou voltar pro acumpunturista.
preciso de uma agenda de 2008
- vou providenciar.
preciso de dinheiro
- vou desbloquear o cartão de crédito já já.
semana que vem vou ao teatro
(se aceitar cartão de crédito).
essa semana vou me centrar
e tudo vai dar certo.
au revoir...

8.1.08

PASSEEEEEIIIIIII...!!!

Fui aprovada na prova específica de teatro da Unirio!!!!! Agora só falta redação, que é moleza! Quer dizer, já posso me considerar caloura de teatro da Unirio. Faço um ano aqui, transfiro pra USP, e vou ser feliz pra sempre fazendo teatro em São Paulo!!!... Muito prazer, Beatriz Provasi, atriz.

7.1.08

conexão rio-sampa

p/ Franco Chiariello

teu sotaque paulista, meio nasalado
maix o meu carioquex, assim com xis
tua gíria, minha ginga, nossas rimas
alixandres, julianas
na paulista, arpoador
na augusta ou em copa
madalenas ou teresas
tudo vila
todas santas
um filme do domingos de oliveira
aquela canção do cazuza
parte do nosso show

na rua, na roosevelt
a liberdade, o paraíso, a glória
o samba lá da lapa
o som lá do bixiga
a gente parla a mesma língua brasileña
a gente sabe misturar as línguas

como num beijo

5.1.08

2007-2008 - a virada

Em 2008, prometo publicar poemas com mais regularidade neste blogue. Começo o ano então logo com dois, pra compensar o longo período ausente. O final do ano passado foi bastante movimentado, e bem intenso. Estive 2 semanas em São Paulo, participando de uma montagem do Teatro Oficina, Cypriano e Chan-ta-lan. Foi uma experiência incrível! O teatro e toda a vivência que eu tive da cidade!... Fiz vestibular pra teatro na Unirio, o resultado sai semana que vem. A virada, mais que no ano, tá se fazendo na minha vida. Mas a do ano também foi incrível! Em Copacabana, com algumas das pessoas mais maravilhosas que conheci em 2007! O segundo semestre de 2007 foi tão rico, em experiências, em amigos, em decisões, em viagens, em realizações, em amor, em gozo, enfim, em vida! Só desejo que 2008 seja a continuidade de tudo isso!... E lá vamos nós...

jesus, meu nego

p/ Samuel de Assis



jesus, meu nego
um sorriso teu vale mil cruzes
mas em vez de espinhos
a gente se coroa de louros
e ao pé dos calvários
faz cruzar nossos caminhos
os braços abertos
são para os abraços
os olhos fechados
são beijos secretos
mãos são pra se dar
não pra cravar pregos
não nos deixamos pregar na cruz por amor
o amor, meu nego, não se deixa pregar
é essa música que você canta
fingindo que é pra mim
como se não fosse...
uma calma de quem espera o paraíso
sabendo que vai morrer
meio sem querer, sem saber a data
sem pressa de arrumar as malas
e assim, de repente,
como quem nada pressente
soa um acorde, depois outro
os anjos tocando guitarra elétrica
pra saudar nossa chegada
a gente vai dançar tanto, tanto, tanto
vai se acabar na pista
sem descer do salto
ou com os pés descalços
sem dar a mínima aos que se julgam deuses
cheios de seus juízos finais sobre tudo
é assim que se morre de amor
sem cruz nem prego
sem choro nem vela
é assim que se morre de amor
com riso e gozo
com som e fúria
é assim que se vive de amor
é assim mesmo que a vida corre
porque de amor, não

de amor não se morre.

astronauta

p/ Augusto de Guimaraens Cavalcanti

chega em silêncio, tua expressão indecifrável, teu ar de estrangeiro, astronauta em lua nova, menino perdido, caído do berço no meio do abismo, desliza em meu colo teus cachos mal feitos, afunda teu rosto entre meus peitos, encontra abrigo em meu ventre, se quiseres... ou nos deixa ao vento, pipas que se cruzam, papagaios caídos nalgum telhado vizinho... a noite se avizinha, velha ranzinza a nos perturbar, deixa reclamar do barulho! hoje não vamos abaixar o som, nem as cabeças, nem a crista. hoje vamos cantar como galos desregulados o amanhecer de cada hora, minuto, segundo. hoje o mar nos abraçou ao entardecer como a dizer que não tardemos a nos abraçar. você ouviu o sussurro das ondas? não ouvi você falar seu nome... mas eu gosto. muito me gusta! sonoridades do não dito em você. há sempre algo ainda por dizer... não diz mais nada. e vamos brindar a não sei o quê. perdi a conta dos chopps, deixa o garçom roubar. tampouco sei contar estrelas, não sei contar..., podem roubá-las!... até a lua que me sorri - parece triste! - levem-na daqui!... há tantas luas tristes no fundo do teu olhar!... são as luas onde quero pisar, com passos de astronauta. me ensina a andar?...