29.7.10

O casamento do meu melhor amigo

Mas bem diferente do filme.
Ele vai se casar e a minha única mágoa é não ter sido convidada para daminha de honra. rs...
Brincadeiras à parte, estou muito feliz.
É um acontecimento histórico!
Um aquariano vai se casar. E na Igreja, com tudo o que tem direito.
Na verdade eu tô cagando pra Igreja. Vai... todo mundo sabe que eu não acredito em Deus e me enjôo com os sermões do padre. Enfim, sem querer desrespeitar. Eu estarei lá, me enjoando com os sermões do padre, mas achando lindo ver os dois no altar.
O que eu acho bonito mesmo, o que me emociona, é o amor. Só isso.
Nunca imaginei o Lucio entrando numa Igreja e ele vai entrar. Por ela. Com ela. Por amor. É só isso o que eu acho bonito e é por isso que eu vou lá ver os dois. Também pela festa, claro! Mas a festa é depois... É pelo amor deles que eu vou agüentar os sermões do padre e os cânticos sagrados e aquela coisa toda que eu costumo achar um saco. E no fim eu vou achar bonito porque ele vai estar sorrindo e ela vai estar sorrindo e os dois vão estar muito emocionados. Vai ser bonito ver os dois dizendo "sim" para aquela baboseira toda que o padre fala, porque eles não vão estar dizendo "sim" para o padre, mas para o amor deles, só isso. Vão estar dizendo "sim" um para o outro, e vão estar sorrindo ou chorando ou os dois e vão dizer num tom de voz único, irrepetível. Vão dizer "sim" como quem nunca disse "sim" ou como quem não conhece "não". Então eu vou lá pra isso, pra ouvir uma afirmação. E que vai ser bonita à beça, porque o Lucio é um cara do "talvez", entende? E ele vai dizer "sim" com toda a convicção. O amor faz isso com as pessoas. Transforma dúvidas em certezas. Transforma "talvez" em "sim" e desconhece o "não". É por isso que eu vou a casamentos quando meus amigos se casam, e sou capaz de me emocionar profundamente durante o sermão do padre, porque eu não estou ouvindo o padre, estou ouvindo um eco de "sims". Amor refletido em todos os vitrais e escorrendo pelos santos do altar. Amor puxando a barra da batina do padre. Amor aos berros no confessionário. Amor pingando das luminárias. Amor nas lágrimas entre sorrisos. Na voz embargada. Amor. Amar é dizer "sim", seja onde for.

20.7.10

me consumindo

vai me consumindo
o meu sono, o meu sorriso
vai me consumindo
minha calma e meu sossego
consumindo os meus olhos que ardem
e os meus cabelos que eu não paro de enrolar com as pontas dos dedos
consumindo meu frio e meu calor
minha noite e meu dia
os meus pés que não encontram chão
e as minhas mãos vazias
o meu sim e o meu não
o meu nome e minha ação
tudo se consome
meu silêncio
e o meu grito de socorro
minha paz fingida
minha vida e minha poesia
as minhas dúvidas
a minha covardia
minhas verdades e minhas mentiras
os meus segredos
o meu medo
a minha força
o meu cansaço
me consumindo
como a noite consome o dia
como a morte consome a vida
sem se dar conta
como o amor consome as cores e os cinzas
sem distinção das tintas
você vai me consumindo

16.7.10

qdo eu falava em coletivo...

para o Teatro de Operações e agregados


era nisso que eu pensava quando falava em coletivo
carregar cadeiras vários andares de escada
encher balões d'água
carregar TVs e sacos pesados
catar as máscaras espalhadas
guardar as roupas molhadas
procurar soluções para secá-las
fazer compras e comida prum batalhão
pensando em quem come e quem não come carne
separar o lixo
lavar panelas e mais panelas e mais e mais pratos, copos e talheres e vasilhas
dormir aglomerado, dividir cama e cobertor
acordar disposta às 5 da manhã!
sair do edredom quentinho,
tirar as luvas de lã
e pôr as mãos na água fria para encher balões
era nisso que eu pensava quando falava em coletivo
além das cervejas e surfadas que compartilhamos
e das músicas que ouvimos e cantamos e criamos
- de todos os hits -
e dos vídeos engraçados que nos fizeram rir juntos
- e afinal cadê meu chip? -
e das peças que vimos e comentamos
era nisso que eu pensava
na junção de tudo isso
um coro de meninas cantando no banheiro enquanto enche balões d'água, enquanto alguns rapazes empilham TVs, alguém posiciona os fogos e as fumaças, um monta o som, o outro arruma as cadeiras... e alguém já comprou o pão que todos comem...
era nisso que eu pensava quando falava em coletivo
algo além da criação artística
bem maior que o espetáculo
a vida!
foi muito bom viver esses dias...