28.3.07

um poema...

queria escrever uns versos viscerais
assim daqueles que escorrem como lágrimas
suor pelos poros, veneno, veneno...
daqueles que mancham tudo como sangue, secreções, vinho tinto tomado em grandes pequenos goles derramados pela madrugada...
poemas daqueles ébrios, sombrios, solitários, frios...
versos reversos, revirados, loucos...
versos como poucos, excepcionais...
versos de poetas com olheiras, consumidos por crises existenciais...
de poeta triste, irado, traído, fodido, e tudo o mais...
eu queria traçar versos viciados com gosto de nicotina, cocaína, heroína, chocolate, coca-cola ligth...
uns versos que me consumissem, um poema que se consumasse...
eu queria um poema com tudo de tão!, que fosse só.

um poema...

14.3.07

Dia Nacional da Poesia (by Tavinho Paes)

Mais uma vez, pelo quarto ano consecutivo, sobe às 16 horas o trem da poesia >> destino: Corcovado >> ação: poesia ao por do sol da plataforma do Cristo Voador...
A entrada (R$35) é grátis neste trem.

viva o dia nacional da poesia
[14 DE MARÇO]

a data
Para quem não sabe, esta data foi sumariamente excluída do calendário oficial da Cultura Nacional durante a ditadura.
Até hoje, nossa flexível democracia não restaurou tamanha cretinice com eficácia; embora o Ministro Gilberto Gil esteja prometendo novidades (provavelmente na Bahia) para este ano.
Por esta razão aparentemente exagerada, a cada ano, renovamos o lembrete às novas autoridades para que elas tomem ciência e providências.

Sabemos porque a data foi extinta: a origem da nomenclatura está associada ao nascimento do poeta Castro Alves [1847]. Portanto, em 2007, estaremos comemorando os 160 anos do poeta baiano.
É certo que Gláuber Rocha [1938], veio compartilhar a data (Carlos Heitor Cony também nasceu neste dia), misturando dinamite à areia da ampulheta.

Entretanto, o que chamou a atenção dos paranóicos dos serviços de repressão da época não foram os nascimentos destes bebês.
Aquela cambada de carcamanos nunca se identificou com maternidades; a parada deles era mais sinistra, tinha a ver com necrotério, morgue, funerária.

E foi justamente entre cadáveres ilustres que os censores entreviram uma séria ameaça à estabilidade do regime e formataram a ferramenta legal para deletar a data da memória da nação.

O cadáver em questão fora um sujeito que, até onde se sabe, nunca escreveu poemas, mas atordoou a maioria dos poetas do século XX com suas idéias revolucionárias.
Na visão do relator que substituiu a nomenclatura da data para Dia do Vendedor de Livros, o cadáver que poderia incitar desordem e trazer problemas à sociedade e ao estado morrera bem longe daqui, em Londres, em 14 de março de 1883. Seu nome: Karl Marx!

13.3.07

Poesia n'O Artesão

Os Ratos di Versos fazem o evento Poesia n'O Artesão, sempre com um poeta convidado. Nesta quarta serei eu. Então, vamos lá! Quarta, dia 14/03. Por volta de 20h, 21h começa. O Restaurante O ARTESÃO fica na Rua Conde de Irajá, 115, em Botafogo. Até lá!

Previsão do tempo

De que adianta prever o tempo?!
Não chove.
Nenhuma poesia aguada, derramada.
Nada.
Apenas terra.
Terra seca.
Terra dura.
Paisagem aterradora que dói a vista.
Sol, muito Sol, Sol, muito Sol
Mas eu vou à praia e mergulho no mar e há nele tanto sal!...
Mas eu vejo miragens e elas são tão reais!...
Eu vivo miragens!... O sonho acordou do meu lado.
E me trouxe café na cama!...
Que me importa a chuva que não cai, a poesia que não brota?!
Que tudo seque à minha volta e eu mesma junto!
Que me importa?!
O deserto não passa de um caminho pro Oásis.
E eu vou me trocando por mil camelos,
Montada em quem me der as costas.
A poesia?!
Ah, a poesia que brote em árvores, que dê em pé,
Que vá se plantar onde quiser!