26.2.06

Fim do 1º round: fecho o livro. De domingo a terça vou pular sem culpa!

Hoje eu vou tomar um porre,
não me socorre que eu tô feliz
Nessa eu vou de bar em bar
beber a vida que eu sempre quis (BIS)

E no bar da ilusão eu chego,
é pura paixão que eu bebo
Amor me deseja, me dá um chamego,
me beija e faz um cafuné

Bebo vem e bebo vai que nem maré,
balança mas não cai, boêmio é
Bebo vem e bebo vai que nem maré,
balança mas não cai, boêmio é (Olha, garçon)

Garçon, garçon,
bota uma cerva bem gelada aqui na mesa
Que bom, que bom,
minha alegria deu um porre na tristeza

Poeta enredo da canção,
cartilha que eu aprendi
Canta a Ilha a emoção,
saudade de você, Didi

Amor, amor, eu vou,
é nessa aqui que eu vou
O sol vai renascer do meu astral
Amor, amor, eu vou,
ô esquindô, esquindô
Num gole eu faço um carnaval (BIS)

(De bar em bar, Didi um poeta. G.R.E.S UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR, 1991 Compositor: Franco)

25.2.06

O último bloco
(Candeia)

Quando eu ouvi passar o bloco
Eu não resisti
Peguei meu violão
Segui a multidão
Ao carnaval
Eu me entreguei
E quase me acabei
Na quarta-feira então
Vi que me enganei
Brinquei o carnaval
Mas afinal, cansei
Cansei, afinal
Descobri essa verdade
Que em meu lar reside a felicidade
E hoje volto cantando
Me abraço ao violão
E marco o compasso
Junto do coração
São tantas as saudades
Voltei pra ser feliz

Graças a Deus que o nosso amor tem raiz

24.2.06

Se eu não estudar, é que eu sambo!

Enredo do Meu Samba
(Jorge Aragão)


Não entendi o enredo
Desse samba, amor
Já desfilei na passarela do seu
Coração
Gastei a subvenção
Do amor que você me entregou
Passei pro segundo grupo e com razão
Passei pro segundo grupo e com razão (Não entendi)

Meu coração carnavalesco
Não foi mais que um adereço
Teve um dez em fantasia
Mas perdeu em harmonia
Sei que atravessei um mar
De alegorias
Desclassifiquei o amor de tantas alegrias

Agora sei
Desfilei sob aplausos da ilusão
E hoje tenho esse samba de amor, por comissão

Findo o carnaval
Nas cinzas pude perceber
Na apuração perdi você

Ah, Pessoa, melhor mesmo é o carnaval!...

Liberdade
(Fernando Pessoa)

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

22.2.06

miscelânea

Carnaval e Monografia
Eita, ressaca braba! Um dia inteiro lagarteando... Não posso me desvencilhar da máxima "um engov antes e um depois". Dá nisso. Vai ser difícil me conter nesse carnaval. Eu quero me formar. Tenho que estudar. Mas em pleno carnaval do Rio, isso é uma puta tortura! Ontem teve Miscelânea no Odeon. Foi insano de tão bom!!! Eu não queria ir. Eu juro! Só iria dar um pulinho na Fundição pra assistir a uma leitura do Armazém Cia. de Teatro com o Luis Melo. Mas o Odeon era ali tão pertinho... Não resisti. Caí na folia. Estou derrubada, agora. "Amanhã vai ser outro dia / Amanhã vai ser outro dia". E depois, dias e dias de carnaval. E eu numa luta inglória comigo mesma pra permanecer em casa e terminar esta maldita monografia.

Teatro
O Luis Melo estava encantador, com sempre! E o time do Armazém que jogou com ele é campeão! O texto escolhido - "Combate de negro e de cães", de Bernard-Marie Koltès - é maravilhoso! E numa simples leitura eles me transportaram para dentro daquela atmosfera com toda a força de uma encenação do Armazém. Um banquinho, um texto bom. Bons atores fazem disso uma bossa e tanto!

Cinema
Depois de rever no cinema "Deus e o Diabo na terra do sol", do Glauber. Depois de rever em DVD "Quanto vale ou é por quilo?", do Sergio Bianchi. Depois de ler a "Dialética do espectador", do Tomás Gutiérrez Alea, e "O espetáculo interrompido", do Robert Stam. Depois disso tudo em uma semana, eu fui ver "O jardineiro fiel", munida ainda do distanciamento crítico brechtiano. Conclusão: fiquei o tempo inteiro analisando as técnicas de identificação, a linearidade e a continuidade da narrativa, início, meio e fim, causa e efeito, a forma como o filme joga com as emoções espectatoriais, aquela sensação de "happy end" que restaura a ordem e faz com que o espectador saia do filme sem que nada daquilo afete a sua vida cotidiana para além do entretenimento. E não gostei do filme. O ruim de estudar cinema e ser revolucionária é que você deixa de apreciar bons filmes de entretenimento, porque fica sempre analisando de maneira distanciada e querendo algo mais... Segue uma breve passagem do Gutiérrez Alea:

“Há quem pense, com a melhor boa-fé, que se substituirmos Tarzan por um herói revolucionário poderemos conseguir mais adeptos para a causa da revolução, sem perceber que por si só o mecanismo de identificação ou empatia com o herói, se se absolutiza, coloca o espectador no ponto no qual a única distinção que existe é entre ‘maus’ e ‘bons’ e se identifica naturalmente com os últimos, sem entrar em considerações sobre o que verdadeiramente representa o personagem. Resulta então intrinsecamente reacionário porque não opera a nível da consciência do espectador: longe disso, tende a adormecê-la.” (p. 56)

19.2.06

Eu fui

Não deveria, mas fui. Gosto do som dos Stones, mas nem sou fã. O caso é que o status de "momento histórico" do show me empurrou para as areias de Copacabana e lá estava eu, em meio à multidão, fazendo parte daquela história. Sabia que não veria o show, mas queria dançar. Por isso, fiquei muuuuuiiiitoooo longe do palco, mas com espaço de sobra pra pular de braços abertos, de um lado pro outro e sacudir meu corpo inteiro ao som potente que inundou a praia. Acompanhei os movimentos da banda pelo telão enorme que se projetava sobre o palco, e vi Mick Jagger com seus mil figurinos, de barriguinha sarada à mostra, dançando como um Ney Matogrosso inglês, rebolando até a alma. Sensacional!... Impressionante como esses caras são muito mais jovens que muito jovem que tem por aí... Eu mesma às vezes me sinto uma tia velha solteirona que só sabe reclamar da vida! Acho que com a conta bancária dos Rolling Stones eu gozaria de uma juventude mais radiante!... Talvez nem me preocupasse com os problemas do mundo, com as desigualdades - preocupações dão rugas, cabelos brancos -, aliás, poderia mesmo achar ótimo haver desigualdade, para que eu pudesse ver o show da área vip, ou então de uma lanchinha estrategicamente posicionada próxima ao palco, e longe de qualquer contato com "o povo". E já começo eu a resmungar com meus comentários irônicos... Melhor parar por aqui. O show foi ótimo, não fui assaltada, não fui esfaqueada, não passei mal, não fui agarrada por nenhum troglodita, não enfrentei filas em banheiros químicos fétidos (não queriam saber onde fui), sequer tive ressaca no dia seguinte. Minhas pernas ainda doem pelas danças frenéticas e longas caminhadas para entrar e sair de Copacabana. Mas curti o show com todas as minhas energias, com todas as energias de quem terá seu carnaval ofuscado pelos estudos.

16.2.06

Armazém + Luis Melo...

...eu não tenho como resistir!...

14.2.06

Deus e o Diabo me atentando


Glauber em dose dupla na Cinemateca do MAM, em película, com entrada franca e sessão seguida de debate com Hernani Heffner!!! Assim fica difícil estudar em casa...

13.2.06

O canto ecoou

A poetisa Elisa Carvalho realizou um sarau em Volta Redonda na última sexta-feira, inspirado em uma poesia minha: "Canto de Aquário". Segue o link para reportagem: http://www.diarioon.com.br/arquivo/4335/lazer/lazer-14903.htm . Abaixo, republico a poesia:

Canto de Aquário

Por que olhas para baixo? Se o que procuras
Não rasteja. E nem o céu tem por limites!
Por que olhas para baixo? Por que insistes?
Não vês que sonhos nunca são loucuras?

Repara em tuas feições assim tão duras
Percebes como tão fácil desistes?
Por que não crês em ti, por que persistes?
A mirar o chão, por que perduras?

Não finca tuas raízes nessa esfera
Felizes, só se for numa outra era
Por que ela vir havemos de esperar?

Ergue teu rosto em flor ao infinito
Abre tuas asas, rufla-as, eu insisto

Ganha os ares, que tu sabes voar!...

Umas semanas de 100 anos de solidão

Na cidade pipocam blocos de carnaval, shows de verão, eventos ventam por aí reunindo pessoas e dando um alívio ao calor abafado de estar só. Eu busco concentração, preciso estar só. Ler e escrever pedem solidão. Mas meu coração ainda bate na cadência do samba, me impelindo a ver gente, sentir gente, conhecer gente, tocar gente, amar gente. Hoje completei 25 anos. Consegui reunir gente ontem e hoje, com muito custo, debaixo de chuva. E senti uma brisa de alívio em cada abraço apertado. E chorei aliviando a alma de cada abraço apartado pela ausência. Agora, mais calma, após momentos intensos de euforia e lágrimas, preciso me centrar. As praias não vão sair do lugar, os blocos continuarão passando, e eu, passarinho, ainda abrirei muito minhas asas e sairei voando por aí espalhando meu canto nos quatro cantos do mundo!... Em 25 anos vivi intensamente, mas dei muitas voltas sem sair do lugar. Nos próximos 25, vou criar muitos lugares para dar voltas, e ocuparei outros tantos que me envolvem. Nos próximos 50, após já ter sambado muitos sambas, vou sambar ainda mais! E daqui a 75, se eu ainda não estiver embaixo da terra, vou voar acima do céu e vislumbrar minha vida numa panorâmica em plano geral e, pra surpresa de todos os que me julgarem morta, não falarei “eu vivi”, mas urrarei “eu vivo”! E nesse tempo todo, essas semaninhas de clausura não passarão de um mísero grão de areia. Mas um grão necessário para se erguer um castelo! E depois dessa, acho que posso até escrever um livro de auto-ajuda e ganhar dinheiro para os próximos 100 anos!!!!!!!!!!