30.7.06

Curiosidade

Sexta resolvo passar o fim de semana em São Pedro da Serra. Ligo pra pousada em que fiquei da última vez - lotada. O dono me informa que está quase tudo lotado, por causa de um encontro internacional de "sufis". Heim?!?! É um modo de vida, diz vago. No caminho ia especulando que diabos era isso. Minha (des)memória auditiva me soprava "silfos". Bom, deve ter alguma coisa a ver com duendes e fadas, essas coisas. É bem a cara de São Pedro, isso. Ou então, quem sabe, aquelas pessoas que se reúnem para ver OVNI's em um determinado lugar, que crêem na existência de extra-terrestres, pensava ao ver o céu tão estrelado na estrada. Ainda inventei umas outras teorias idiotas pra passar o tempo. Lá chegando, pergunto pra dona de um bar. Ah, é tipo uma religião, mas eles não gostam de chamar de religião, se reúnem num sítio isolado e ficam lá num ambiente subterrâneo o dia inteiro. Umas 1.300 pessoas na cidade e a cidade vazia. E ninguém sabia dizer ao certo o que era. Comecei a imaginar um seita bizarra, com sacrifício de animais e quem sabe até de criancinhas... Enfim, não encontrei nenhum sufi por lá e voltei pra casa curiosa. É claro que eu procurei no google! E que decepção! Não é nada tão bizarro quanto eu imaginava... Parece até interessante: "Conhecido por muitos como o misticismo do Islã, o sufismo é uma filosofia de autoconhecimento e contato com o divino através de práticas meditativas, reclusão, danças, poesia e música. Os sufis acreditam que Deus é amoroso e o contato com ele pode ser alcançado pelos homens através de uma união mística, independente da religião praticada." Achei até um poema sufi, que é claro que eu resolvi reproduzir aqui:

Poema de Rumi:
"O que fazer se não me reconheço?
Não sou cristão, judeu ou muçulmano.
Se já não sou do Ocidente ou do Oriente,
Não sou das minas, da terra ou do céu.
Não sou feito de terra, água, ar ou fogo;
Não sou do Empíreo, do Ser ou da Essência.
Nem da China, da Índia ou Saxônia,
Da Bulgária, do Iraque ou Khorasan.
Não sou do paraíso ou deste mundo,
Não sou de Adão e Eva, nem do Hades.
O meu lugar é sempre o não-lugar,
Não sou do corpo, da alma, sou do Amado.
O mundo é apenas Um, venci o Dois.
Sigo a cantar e a buscar sempre o Um.
Primeiro e último, de dentro e fora,
Eu canto e reconheço aquele que É.
Ébrio de amor, não sei de céu e terra.
Não passo do mais puro libertino.
Se houver passado um dia em minha vida
Sem ti, eu desse dia me arrependo.
Se pudesse passar um só instante
Contigo, eu dançaria nos dois mundos
Shams de Tabriz, vou ébrio pelo mundo
E beijo com meus lábios da loucura".


Se existisse um deus, onisciente e onipresente, estou certa de que se chamaria Google.

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