31.8.10

POESIA NA UNIRIO

Depois de 2 anos na UNIRIO, finalmente vou me apresentar por lá com o meu grupo de poesia, Madame Kaos! É nesta terça, dia 31, a partir das 19h, na Livraria do Jorge, que fica no CLA, entre os prédios de Teatro e de Música. Parece que a idéia do dono da Livraria é ter um evento de poesia constante lá, e esse vai ser o primeiro. Espero que dê certo! Vai ser bom ter os amigos poetas circulando pelos jardins do CLA...

30.8.10

AINDA AS MOSCAS-MORTAS (QUE NOS RONDAM...)

às vezes 10 mil demônios
e outros tantos anjos
atravessam um poema
a gente apenas deixa
que eles conduzam nossas mãos nas teclas
a gente apenas deixa
que eles ardam
ou toquem canções celestes
dentro do nosso peito
há quem não ouça o crepitar do fogo
ou da harpa, a vibração das cordas
há quem não ouça nada
um galo cantar no meio da madrugada
uma batida de carro
um choro de criança
um uivo de bêbado
uma canção de amor
há quem nunca tenha dito um "eu te amo"
há quem nunca tenha ouvido
há quem nunca tenha xingado todos os nomes feios
há quem nunca tenha tomado porrada da vida
não são poetas
os surdos a esses apelos
não são poetas
são meros - e digo meros, meros mesmo! -
estes são meros escrevedores de versos.

NÃO DE DEMÔNIOS, NEM DE DOMINGOS

não vou falar de demônios e nem de domingos - que são primos
não vou falar de abraços partidos
de sonhos atropelados
pelo trânsino alucinado do rio de janeiro
nem isso
não vou falar de quartos vazios
ou de camas apertadas de solteiro
onde mal cabe um
não vou falar de quadros tortos na parede
de papéis amassados na lixeira
de coisas que eu não quero arrumar
não hoje
não nunca
não quero arrumar as coisas
deixem-nas ser como são
tortas e desajeitadas
barreira caída na estrada
sinal amarelo piscante
carro na contramão
batida, estilhaço, confusão
me deixa ser assim
cupim de luz que vai pra luz se queima e morre
eu quero o calor das coisas fugidias
gurjão de frango com cerveja
poema em papel de mesa
aviãozinho de papel e bolinha de sabão
coisas que estouram ou caem no chão
coisas que voam
que eu não seja um pássaro ou borboleta ou nada bonito
cupim também tem asas, e até baratas!
coisas que eu tenho nojo voam e por que não eu?
ouço carros zunindo no asfalto
e hoje a lua esteve vermelha - sorrindo sorriso largo
tudo se impõe aos meus sentidos "com uma tal aleluia"
(clarice falou isso: com uma tal aleluia - achei lindo!)
tudo se faz grito
eu apenas ouço atenta essas vozes
de demônios e de domingos
e isso é meu pleno vôo
meu atravessar de paredes
meus enigmas e meus labirintos
tudo isso é rock'n roll e é cadência do samba
eu sou todos os ritmos
tudo me atravessa e eu per-passo
sou a corda bamba, o trapézio e o tecido
todos os riscos
e sou também o palhaço, o mágico e o elefante
todas as graças do circo
sou tudo o que me circunda
a roda viva e a ciranda
e eu já fui apenas uma menina de tranças
encantada com o mundo
hoje eu sou um mundo
deslumbrado com a menina de tranças

19.8.10

AS MOSCAS-MORTAS

vocês, com a sua caretice
não me contagiam

vocês, com seus versos pobres
suas canções vazias
não emocionam uma mosca
mais interessada na torta de frutas
do balcão da padaria Rio-Lisboa
essa mosca me emociona mais
zanzando perdida pelas noites do Leblon
a viver de restos...
essa mosca tem mais vida que a sua poesia
e me arranca sinceras lágrimas de despedida
ao sumir no dobrar da esquina
deixando, subidamente, a padaria vazia
largando, subitamente, a torta de furtas sozinha
desejando ser comida
estou chorando no balcão da padaria
pela mosca que partiu
pela torta que ficou
pelo silêncio provocado pela ausência do seu zumbido
estou chorando porque tudo isso é mais vivo -
muito, muito mais vivo! -
do que a sua poesia.

13.8.10

Programação...

Volta da FLIP. Corujão de Niterói. Corujão do Leblon. E finalmente, ressaca. Uma faringite faz meu corpo parar. Um fim de semana de recuperação, e na terça que vem tudo recomeça... Festa Araka, lá vamos nós!