29.3.06

E está só começando...

Ontem foi o primeiro dia de filmagem da minha experimentação poética audiovisual docu-ficcional sobre o CEP 20.000! A tensão da estréia já se tranformou em euforia! A programação do CEP ajudou. Foi em homenagem ao Joe, um maluco beleza que baixou seu santo por lá. Antes de começar, Chacal veio me mostrar o último livro dele e eu fiquei encantada. Como pessoas com tanta sensibilidade são consideradas loucas?!? Louco é esse mundo que nos impele a não sentir profundamente suas dores e seus prazeres pra viver "bem". Prefiro não jogar fora a minha loucura, "ela é real"! E, além do mais, "Se eles têm três carros / Eu posso voar / Se eles rezam muito / Eu já estou no céu"!

O CEP começou com os poetas do Planeta Letra lendo uns poemas do cara. Depois, poemas próprios. Destaque pra Daniel e Dudu, que sempre arrasam, Maristela, poderosa, e Maurição com sua chapinha na testa. Nem falo do Chacal, que já é "pop star". Aí entraram as Doidivanas, fazendo sua estréia no CEP e segurando a onda legal. Depois, Maristela e mais dois atores de quem não me recordo o nome agora fizeram uma performance linda, que rendeu ótimas imagens para o filme! Entrou o Cabelo com seus piolhos, mandando um som muito bom, com presença de palco, e além do mais, o cara é um gato! Mais uns poetas assumiram o microfone e fim. O público é que estava meio caído. Pouca divulgação ou sei lá o quê. Mas as apresentações foram ótimas!

Bom, o fato é que de nada me serviria isso tudo se eu não tivesse comigo uma equipe de feras. Ninguém tava ali como estudante, o trabalho foi (é, será) profissional! Marcinha, Miguel, Ler, Álvaro e Daniel fizeram (fazem, farão) o filme acontecer! E vai ficar ducaralho! Não porque é o "meu" filme, mas porque é o trabalho de toda uma equipe integrada, que não tá ali pensando em fazer a sua parte e tchau, tá ali fazendo um filme!

Agora é a hora de transformar a minha euforia em trabalho, porque ainda temos dois dias de filmagem pela frente, e mais a montagem, finalização, lançamento, circulação... fui!

24.3.06

CEP - o evento: 1º do ano!!!!................................. CEP - o filme: 1º dia de filmagem!!!!....................

...certo brilho...

Nada de extraordinário, apenas um estranho brilho no olhar, um brilho inconveniente, perturbador, reluzindo incessantemente. Pois foi o intrigante brilho daqueles olhos de favo de mel que o atraiu. Olhos de abelha rainha. Num deslumbre, ele quis saber o que se passava por trás daqueles amendoados olhos que o amedrontavam, o que ia por dentro daquela alma de aura dourada que o instigava tanto. Seu olhar desfilava na passarela de concreto. Ele petrificou. Ela passou olhos fixos no nada ou tudo. Ele estava confuso. Ela passou sem saber o que se passava, dando uma profunda tragada no cigarro como quem suspira de tudo, e evaporou-se num rastro de fumaça... ele cego a tatear o ar ainda tentava senti-la na brisa leve que a levou. Tal luz intensa ofusca a visão, ela lançou seu farol alto, ele não viu mais nada. Teve medo da escuridão eterna de quem, por muito tempo privado de luz, enfrenta o sol cara-a-cara. Deixou-a partir. Preferiu habituar seus olhos à luz de dias-a-dias nublados. Ela passou iluminada. Ele se apegou ao que se apaga. Mas um certo brilho, em noites de lua, refletia em sua alma, percorrendo-lhe num arrepio a espinha. Ela, sozinha no quarto, ainda transmuta seus olhos de fogo em olhos d’água.

21.3.06

Segue mensagem do Alex Topini. O trabalho ficou ótimo! Vale a pena conferir e participar!

Revista Palavril no ar!!!!!!!

Já tá no ar, coisa concreta virtual: Revista Palavril!!!!!
http://palavril.blogspot.com (sem www)

Voltada para poesias, contos, crônicas, fotografias, artes plásticas...com intuito de criar um espaço de visibilidade para nós artistas, para todos aqueles que estejam pensando e fazendo arte de alguma forma!!!.
Que a Palavril contribua na interação/integração de artistas, linguagens, núcleos que muitas vezes ainda atuam de forma isolada, que seja um espaço instigante para a arte e cultura, um lugar onde se faça, se pense, se construa em conjunto, promovendo a coisa comum, plural!!!

Muito, mas muito obrigado a todos àqueles que enviaram material, propostas e sugestões!!!

Visitem, comentem, dialoguem!!

Peço agora a todos direta/indiretamente envolvidos q ajudem na divulgação!!!
Nós só temos como contar com nós mesmos!!!
Que a Palavril se expanda, se torne ampla, extrapole nosso horizonte próximo, nossa rede de contatos primários, e isso só se dá com todos divulgando de forma comprometida.

Valeu!!!

http://palavril.blogspot.com (sem www)

19.3.06

Ah, monografia interminável...

Acho que vou publicá-la em livro. Ainda nem terminei, e já está com 92 páginas! E, modéstia à parte, está ficando muito boa! As considerações finais então!... Eu me deliciei escrevendo e me delicio a cada vez que leio... porque me permiti quebrar algumas convenções de "formatação acadêmica", com uma linguagem mais livre e finalizando com um poema!... E aproveitei, claro, pra dar umas "porradinhas" na academia. Segue o resumo provisório. Se alguém tiver interesse no tema, é só me passar o e-mail, que quando o trabalho estiver concluído, mando uma cópia em pdf.

"QUANTO VALE OU É POR QUILO?"
UMA INTERROGAÇÃO SOBRE O ESPECTADOR DO CINEMA

RESUMO

Este trabalho busca compreender o papel da arte, e em especial do cinema, na contemporaneidade, a partir de concepções marxistas e gramscianas que situam o ser humano como sujeito histórico, ressaltando a dinâmica do processo histórico e o papel do “intelectual orgânico” na “disputa de hegemonia”. Para isso, apresenta algumas formulações teóricas que ajudam a pensar a relação com o espectador, enquanto sujeito histórico, num projeto de cinema contra-hegemônico, tendo como base, principalmente, os trabalhos de Bertolt Brecht e Sergei Eisenstein. E a partir daí, busca verificar como estas teorias se relacionam ao analisar um trabalho artístico contemporâneo específico, o filme “Quanto vale ou é por quilo?”, de Sérgio Bianchi. Pretende-se, dessa forma, atualizar uma série de formulações teóricas em um trabalho prático contemporâneo que as dinamiza.
No primeiro capítulo, intitulado O espectador em primeiro plano, destacam-se algumas das principais teorias cinematográficas que analisam a relação do filme com o espectador, não de uma forma passiva, pela identificação com o herói, no qual o espectador projeta suas emoções, mas despertando-lhe a atividade crítica, trazendo para o primeiro plano o próprio espectador, no qual as questões do filme se projetam. Os principais objetos de análise são as teorias teatrais de Bertolt Brecht, com o intuito de aferir seus ecos no cinema, bem como as teorias eisensteinianas mais diretamente relacionadas com a atividade espectatorial. As técnicas de antiilusionismo estudadas detalhadamente por Robert Stam e a dialética entre espetáculo e espectador analisada por Tomás Gutiérrez Alea são também amplamente debatidas.
No segundo capítulo, intitulado Uma interrogação se projeta sobre os espectadores: quanto vale ou é por quilo?, busca-se estabelecer um diálogo entre a teoria pesquisada e a prática cinematográfica, por meio da análise do filme “Quanto vale ou é por quilo?”, de Sérgio Bianchi, considerando ainda a conjuntura em que se insere a realização deste filme e sua relação com o conjunto da obra do cineasta.

Por fim, considera-se como as questões desenvolvidas abrem-se ainda em novas questões, inclusive no âmbito da academia, em que este trabalho se inscreve.
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Foto do filme: "Quanto vale ou é por quilo?"

(http://www.quantovaleoueporquilo.com.br/)

17.3.06

"dia de luto. por toda a violência que ainda suportamos."

Reproduzo esta parte do texto que escrevi numa postagem abaixo em homenagem ao dia da mulher, porque estou de luto hoje mais que sempre.
Acabo de perguntar por uma colega de trabalho que não vejo desde que voltei do carnaval. A resposta: foi espancada pelo companheiro ao ponto de ter sua cabeça quebrada, ter de levar pontos e tudo o mais! Está ainda em recuperação. Embora uma violência como esta não permita jamais uma recuperação, porque a agressão física também atinge a alma, e esta não se recompõe com pontos.
A gente sabe que a violência contra a mulher existe em toda a parte, seja de forma mais camuflada nas relações sociais, preconceitos, piadinhas e comentários machistas que reproduzimos dia-a-dia, seja concretamente por agressões físicas e verbais, estupros, diferenciações de salários e cargos hierárquicos etc. Mas quando essa vilência concreta e brutal acontece do seu lado, parece que ganha uma amplitude ainda maior.
Estou com o estômago revirado e a cabeça fervendo de raiva desse mundo que produz seres humanos como este homem que agrediu covardemente a companheira. Um sujeito desse tem que ir pra cadeia! Apesar de eu ter também as minhas críticas ao sistema penitenciário. Cadeia não resolve. Põe o sujeito lá e aí? Ele vai mudar? Pra pior, talvez? E os outros que agem como ele (e que muitas vezes nem são denunciados, porque as mulheres têm medo ou não conseguem se desligar da relação, pela complexidade dos sentimentos envolvidos)? Que mundo é esse? Pára agora, eu quero descer!
A única coisa que me mantém viva, já que não acredito em nada além do plano material, é acreditar na possibilidade de transformação do mundo e dos seres humanos. Mas às vezes é difícil. Tem que respirar fundo. Contar até dez. E ver o que se pode fazer. Encontrar a medida do possível agora para alcançar o impossível lá na frente. Não sei se ela vai denunciar o agressor, mas me colocarei à sua disposição para ajudar no que for preciso, fazer contatos com movimentos de mulheres, movimentos jurídicos populares, de direitos humanos etc. E tornar público o caso (mesmo sem revelar aqui o nome dos envolvidos), para que as pessoas fiquem atentas a essas questões e façam alguma coisa, nem que seja transformar a si mesmo, as suas relações humanas e dos que lhes são próximos.
“Desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar.”
(Bertolt Brecht)

12.3.06

por Chacal em www.cep.zip.net

CEP 20.000 VAI PARA AS TELAS

quem pintou cá em casa esses dias foi Daniel Zarvos (diretor) e Gizah Ribeiro (produtora). Vieram conversar sobre o vídeo que o Daniel faz há uns dois anos sobre o CEP. Material gravado tem de monte. Imagens ótimas. Um bom início de conversa sobre poesia falada. a galera do CEP ali em 3 gerações radiantes. Daniel está nos finalmente. Breve em sua tela.

Depois quem cá veio foi Beatriz Tavares que fará do CEP o tema para seu filme de fim de graduação em cinema na UFF. Ficamos revendo vídeos q tenho arquivados. Coisas do início do CEP. Ela recolheu 3 exemplares. Depois filmará coisas novas, novos CEPs. O CEP ainda entra para a eternidade.

Até hoje só tínhamos um brilhante vídeo do Moisés Zylberberg e do Gui Guimarães do ano 2000. Agora outros lhe farão companhia. Muito embora ninguem saiba porque até hoje o CEP 20.000 não virou um programa de televisão. Vários poetas / performers do CEP foram para a TV: (em ordem cronológica) Casé Pecini(MTV), Bianca Ramoneda (Globonews), Michel Melamed (TVE) e Viviane Mosé (Fantástico / TV Globo ). O CEP é a melhor escola para fazer TV. Por que ?

Só indo. Só vendo. Ouvindo. Vivendo.

8.3.06

Essa Mulher

É Elis essa mulher que ouço, enquanto estudo. E ela me lança, na sua magnífica voz, essa bela música de Joyce e Ana Terra: "Essa Mulher".

De manhã cedo
Essa senhora se conforma
Bota a mesa, tira o pó,
Lava a roupa, seca os olhos
Ah, como essa santa não se esquece
De pedir pelas mulheres,
Pelos filhos, pelo pão
Depois sorri meio sem graça e abraça
Aquele homem, aquele mundo que a faz assim feliz

De tardezinha
Essa menina se namora
Se enfeita, se decora,
Sabe tudo, não faz mal
Ah, como essa caisa é tão bonita
Ser cantora, ser artista,
Isso tudo é muito bom
E chora tanto de prazer e de agonia
De algum dia, qualquer dia, entender de ser feliz

De madrugada
Essa mulher faz tanto estrago
Tira a roupa, faz a cama,
Vira a mesa, seca o bar
Ah, como essa louca se esquece
Quantos homens enlouquece
Nessa boca, nesse chão
Depois parece que acha graça e agradece
Ao destino, àquilo tudo que a faz tão infeliz

Essa menina, essa mulher, essa senhora
Em quem esbarro a toda hora
Num espelho casual

É feita de sombra e tanta luz
De tanta lama e tanta cruz
Que acha tudo natural

mulher, mulher. é hoje o dia. 8 de março. dia de comemoração. por todas as opressões que já queimamos. dia de luta. por toda a liberdade a que ainda aspiramos. dia de luto. por toda a violência que ainda suportamos. dia de dias e noites. de dia-a-dia. porque o que somos, o que fazemos, o que queremos não cabem numa vida, quem dirá num único dia.

Em homenagem às mulheres pelo Dia Internacional da Mulher

5.3.06

Mas tenho lido bons livros pra maldita monografia (meu tema é bom, modéstia à parte). Um deles é "A forma do filme", do Eisenstein. Em um artigo, ele compara a montagem cinematográfica aos ideogramas da escrita japonesa, que formam conceitos a partir do conflito de duas imagens distintas e até mesmo opostas. E aí ele fala da poesia japonesa, mais especificamente, o haikai e o tanka. E cita os exemplos que eu publico abaixo:

Corvo solitário
Em galho desfolhado,
Amanhecer de outono
BASHO

Lua resplandecente!
Lança a sombra dos galhos de pinheiro
Sobre as esteiras
KIKAKU

Sobre uma brisa vespertina!
A água ondula
Junto às pernas da garça azul.
BUSON

Início do alvorecer.
O castelo está cercado
Pelos gritos dos patos selvagens.
KYOROKU

Ó faisão da montanha
longas são as plumas que arrastas
na colina arborizada -
como longas me parecem as noites
buscando o sono em leito solitário.
HITOMARO
monografia sufoca a poesia
o mono em si já anuncia
é mono de monogamia
é mono de monotonia
de monólogo
de monolítico
de monopólio
mono de tudo que é jeito
se impondo como uma coisa só
daí a razão do meu desespero
que de mono mesmo
eu só tenho monofobia

obs.: acho que vou abrir minha monografia com este versinho. será que os professores da banca avaliadora vão gostar?!

1.3.06

"O palhaço me puxou pelo braço e tascou um beijo na minha boca. Eu dei língua pra ele. Eu tava de olho no super-homem. Mas sua visão de raio-x penetrava a saia da bailarina. Ela ensaiou uns passos com ele. Mas dançou. Eu o lacei com a minha teia de aranha. Tão logo ele revelou sua identidade secreta, zarpei na nave do astronauta. E esse também foi pro espaço. A partir daí, tudo ficou mais nebuloso. Eu vi o Lula beber com o Bush, o Bin Laden e o Saddam Hussein, num flash que bem que poderia ganhar as primeiras páginas da imprensa mundial. As meninas superpoderosas deixaram crescer a barba e depois o macaco é que é louco! Passou uma cara cantando no chuveiro e eu... – meu deus, isso aqui não é banheiro! Não estava mais entendendo nada. Tudo me vem aos respingos. Onde é que eu estou? Como é que eu vim parar aqui? Ih, caralho, eu tô nua! A imagem de um ET horrendo me salta à mente. – Será que eu fui abduzida?! Me viro na cama e olho pro chão. Vejo o uniforme do bombeiro. Logo lembro da Mangueira. Ufa, que alívio! Até que esse carnaval não começou nada mal..."

Luiza Puccini

Voltar pra quê?

O domingo foi ao quadrado pra compensar o sábado zerado. A segunda me derrubou na terça. E nessa quarta acinzentada eu só penso em recuperar a terça na quinta. Afinal, "Voltar pra quê?" O Bangalafumenga fumegou no final. O Cacique dançou e a chuva me pegou na Lapa. O Boitatá bumbou pra lá, bumbou pra cá e bombou. O Volta, Alice deu a volta por cima. O Rancho Flor do Sereno foi a gota d'água que faltava na minha desidratação. No dia do Se melhorar afunda, afundei. Amanhã tem mais.