21.2.07

"Ô timoneiro, não molha a bunda, porque se melhorar, afunda"!!!!!

O negócio ontem melhorou e quase quase afundou. O "Se melhorar, afunda" é disparado o melhor bloco do carnaval carioca! Ele saiu cedo e quase que eu perco a Barca - fui a última a entrar! Da plataforma pra Barca fez um degrau de mais de um metro com o peso do povo e eu pulei pra dentro pensando que ironia, a Barca tá afundando... E o povo lá dentro pulando, pulando e cantando, fazendo o negócio melhorar e melhorar e aí eu me entreguei à folia e pensei deixa afundar que se essa porra não virar, olê, olê, olá, eu chego lá!... E de repente parece que a Barca começou a levitar, atravessou a baía pairando no ar e chegou lá!!! E lá chegando fomos descendo e cantanto... Tomamos a Praça XV e as ruas do Centro e o prédio do MEC foi a melhor parada, com aquela sombra, aquele vento, aquele eco, aquelas pessoas amigas queridas se encontrando e se reapresentando vestindo os personagens de suas fantasias, e fantasiando novos encontros e reencontros... Foi tudo mágico como um bom carnaval deve ser!... Tudo na mais completa paz e harmonia!... Tudo confete, serpentina, purpurina e fantasia!... Que venha 2008!... Melhor, é impossível! Então já sei que não vai afundar... Ontem foi o dia em que fizemos a Barca levitar!...

19.2.07

a menina e o carnaval

o que brilha é purpurina
ou são os olhos da menina?
ela voa feito confete
e desenrola feito serpentina
ela se cobre de fantasias...
quem a vê sambar no pé
nesse corpo de mulher
nem percebe que ela é só uma menina
e a menina...
a menina apenas brinca

16.2.07

Olhos-nos-olhos, os meus

Nunca tinha reparado como meus olhos brilham e como são lindos quando brilham e como eu brilho toda quando essa extensão mais iluminada do meu corpo – os olhos – brilha. Verdes bem escuros, quando brilham como brilham agora, meus olhos são como pedras preciosas. São mais preciosos que pedras preciosas, cujo valor se mede em dinheiro. O valor desse brilho nos olhos é incomensurável. (Quanto vale uma paixão?) É isso! São olhos apaixonados de uma paixão única e visceral! Eu me olho no espelho e meus olhos brilham e o espelho reflete o objeto da minha paixão. Apaixonar-se por si é a melhor paixão que se pode sentir, uma paixão plenamente correspondida e, ao mesmo tempo, imprevisível como são as grandes paixões. Engana-se quem pensa que conhece a si mesmo e se pode prever. Se uma paixão lhe arrebata a alma, logo se descobre em si nuances jamais imaginadas, gestos, cores, tons, sabores... Eu me vejo outra e os outros me vendo me ver outra me vêem outra também. Outras vêm ocupar seu posto em mim. Elas me surpreendem. (Adoro surpresas!) Cada dia é outro dia e eu outra também. E eu me apaixono por cada uma delas que vejo surgir em mim, sempre com o mesmo brilho nos olhos, sempre verdes, preciosos, não como pedras, duros-parados, mas como o ar que se respira e em que voam os pássaros e em que paira a minha alma extasiada... Olho-me novamente, e percebo como meus olhos são grandes e como neles cabe o infinito, arredondando-se indefinidamente para fora dos contornos do meu rosto... Começo a me perceber e a me admirar nos mínimos detalhes. Talvez me julguem fria os que não têm para si meus olhos voltados. Mas os que me olharem nos olhos, os olhos que eu permitir nos meus, sentirão o quente da luz que emanam como jamais pôde sentir quem os fez apagarem pra tê-los pra si.

15.2.07

Lições de auto-escola


meu carro dá uns tremeliques quando eu troco a marcha
às vezes parece que vai morrer
quase morre
às vezes, em primeira, morre
é que às vezes, na ânsia de ir em frente, eu tiro rápido o pé da embreagem
às vezes, na dúvida do caminho, eu custo a pisar o acelerador
é tudo uma questão de tempo
tudo é uma questão de tempo
se o tempo não tá bem ajustado
as coisas tremem, se abalam
às vezes seguem por um fio
aos trancos
às vezes, por um fio,
na ânsia, na dúvida
você simplesmente erra o tempo
e deixa morrer...

apenas no carro se pode girar a chave e dar nova partida no motor

12.2.07

Esse moço que me causa vertigens


Tem trabalho que a gente faz com gosto, sem ganhar um tostão! Esse trabalho pra mim no momento é a revisão dos contos do meu amigo Vini, que lançará seu novo livro, "Essas moças que me causam vertigens", no final do mês. Adoro os contos dele e a revisora do primeiro livro, "Trabalhadores de domingo", fez um péssimo trabalho e deixou passar vários errinhos, que não chegam a tirar o brilho dos contos, mas são um incômodo para leitores chatos como eu. Leitores chatos são bons revisores. Ele sacou isso e me chamou. Eu aceitei, porque adoro os contos e adoro o autor. Em breve, publico aqui um dos contos do novo livro que é o meu predileto, pra vocês sacarem do que eu estou falando. E quem quiser adquirir o livro, é só mandar um e-mail pra ele, ou pode mandar pra mim, que eu reencaminho.

Lançamento

"Essas moças que me causam vertigens", de Vinícius Piedade
Dia: 27/02
Hora: 19h30
Local: Bar Brasamora
Rua Conceição Veloso, 48 (travessa da Rua Vergueiro, atrás da caixa d'água da Vila Mariana)
São Paulo - SP

8.2.07

Dentes cravejados de dor

Um sorriso doído me tira o sono
Mandíbulas cerradas de dor latejante
Como cravar os dentes na palma da mão, se a dor me vem das raízes?
Como morder a fronha, o travesseiro, pra dor escorrer dos olhos?
Como, se a dor se planta na boca, não deixá-la brotar em sorrisos?
Mostro os dentes cravados nas gengivas como se fossem punhais enterrados no peito.
Meus dentes correm rasgando a gengiva como um punhal lasca a carne viva.
Mas o que me dói não é morte chupando a vida.
É transformação.

Sorrisos melhores virão...

6.2.07

Socorro

Alice Ruiz

Socorro, eu não estou sentindo nada.
Nem medo, nem calor, nem fogo,
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir.

Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
Me empreste suas penas.
Já não sinto amor nem dor,
Já não sinto nada.

Socorro, alguém me dê um coração,
Que esse já não bate nem apanha.
Por favor, uma emoção pequena,
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos,
Deve ter algum que sirva.

Socorro, alguma rua que me dê sentido,
Em qualquer cruzamento,
Acostamento, encruzilhada,
Socorro, eu já não sinto nada.