9.7.06

Luz, câmera, ação e reação

Vou até o fim. Mas tenho a leve sensação de que cinema não é a minha praia. Adoro cinema, mas putaqueopariu!, como realizar um filme é cansativo e estressante!!! E enquanto vc faz, vc não vê o resultado. Essa descontinuidade da produção cinematográfica não me é tão instigante quanto, por exemplo, uma peça de teatro, que transcorre ininterruptamente com o público já ali, a realização e o resultado são simultâneos, vc faz e já tem a reação do público, no final os aplausos, o êxtase! Não quero entrar no mérito da arte melhor ou pior, pra mim não é o meio artístico que faz a qualidade e eu adoro todas as artes, inclusive música e artes plásticas, coisas para as quais eu não levo o menor jeito e nem me arrisco a praticar. A questão aqui é subjetiva, é o que me instiga mais a fazer. Adorei escrever o roteiro e acho que agora, entrando no processo de montagem, eu também vou curtir mais o meu filme, porque vou ver ele se reconstruindo a partir dos fragmentos filmados, mas as filmagens me são mais desgastantes do que instigantes. Chega uma hora que eu mando as minhas opções estéticas pras cucuias e digo que tá tudo ótimo porque já estou louca para terminar! Ontem eu tava tão cansada, que quase esqueci de filmar um plano. Quem me lembrou foi o ator. Foi um dia inteiro de filmagem pra uma cena que no filme deve durar, sei lá, coisa de um minuto. E é uma cena simples, locação única, sem som direto, dois atores e três crianças. Ai, meu deus, porque inventei aquela foto com as crianças?!! Sempre ouvi dizer o quanto era difícil trabalhar com crianças e animais, mas achei que só uma foto, sem diálogos nem ação, fosse mais fácil. Doce ilusão! Tivemos que pagar cachê: dois bombons para cada! Os únicos trabalhadores da equipe que ganharam cachê! Fico imaginando um longa de ficção, com som direto, tomadas externas, muitos atores e figurantes, crianças e animais, acho que eu ia surtar!!! Mas agora falta pouco, só duas fotos com os atores, gravação do material de arquivo e enfim, montagem! Vou me reanimar. E quando o filme estiver pronto, vou acompanhar todas as exibições pra sentir o público. E se o público vibrar, vou vibrar ainda mais! Aí, ano que vem, eu puxo da gaveta um roteiro meu de ficção que eu adoro e filmo! Ele tem várias locações, figurantes, umas tomadas externas, uma de perseguição de carros; mas esse, pelo menos, não tem crianças!...

Obs.: O filme que estou realizando é um documentário sobre o CEP 20.000, cujo roteiro conta com uma cena de ficção, que é a cena a qual estou me referindo. Filmar documentário acho mais fácil que ficção.

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