27.5.09

Nesta quinta, dia 28

A partir das 17h, tem o evento Amostra Grátis, do projeto Geringonça, no SESC Tijuca, onde eu já me apresentei 2 vezes com o grupo Madame Kaos. Nesta edição, minha amiga Aline Vargas vai expor seu trabalho de artes plásticas com colagens. Algumas delas serão acompanhadas de poemas meus. Acho que vai ficar bonito! Eu só vou pra exposição, pq de lá eu parto direto para o CEP 20.000, que começa às 18h, no Espaço Cultural Sérgio Porto.
Este terá coordenação de Guilherme Zarvos, e de acordo com a Photophophoka de Tavinho Paes (link ao lado), a programação terá: "o poeta alagoano Lêdo Ivo, o rock da garotada dos Azuis; o talento cênico de estrela Alessandra Colasanti; O Coelho Rosa, Sol na Garganta do Futuro; lançamento do livro O Poeta Maldito da Lapa, de Kbé Saraiva (cuidado com os microfones!), e do 4º vídeo da CEPensamento TV; além dos experimentos sensoriais de Liza Machado e da gastronimia do Chef Z Guinle, que servirá no encerramento seu fabuloso ...risotto al funghi!"

18.5.09

Fim de jogo.

Esse teu jogo de pique-esconde já passou dos limites! Por que sou sempre eu a contar e você a se esconder? Sempre eu a te procurar, enquanto você ri baixinho atrás do armário ou embaixo do sofá... Ri dos meus vãos passos incertos que nunca seguem na sua direção... E em vez de ressurgir às minhas costas, e bater o pique, e ganhar de mim, e depois tirar onda com a minha cara, pra eu ficar louca de raiva e logo amolecer só por te ver... Você permanece escondido, em silêncio. Às vezes faz barulho numa direção, e quando eu corro, você já se escondeu do outro lado. E fica assim, me vendo ir de um lado a outro, desnorteada, enquanto por dentro morre de dar risada. Já disse que esse teu jogo não tem a menor graça, não quero mais, estou fora da brincadeira! Cansei de contar o tempo em que você se afasta de mim. Cansei de colar a cara na parede pra não te ver fugir. Teu esconderijo perde todo o sentido se não há ninguém a te procurar. Esconda-se, esconda-se de si mesmo! E vamos ver o quanto você se diverte com isso, produzindo as pistas que você mesmo apaga, para não se encontrar! E não me peça socorro, não me peça ajuda quando você não puder mais encontrar a si mesmo! Meu ouvido já estará surdo aos ruídos que você provoca pra me despistar. Aí você vai contar até dez e sair pra me procurar. Vai vagar pelas ruas, pelos bares, pelas praças... Meu celular estará tão silencioso quanto a minha risada, porque eu não estarei feliz em não te encontrar, apenas resignada. E se por acaso a gente se esbarrar cara-a-cara (porque eu não vou me esconder, apenas não mais procurar), você vai querer me provar que é você, mas eu não vou te reconhecer. De tanto brincar de esconder, você não vai se achar, e eu não vou saber mais que você é você. Talvez fique perdido pra sempre aquele menino que eu procurava... Perdido entre as minhas lembranças confusas de pistas erradas... Eu não vou reconhecer mais o som da sua risada, ela já não será mais a mesma. Será que você ainda vai se lembrar de como era rir comigo? Ah, mas até o som da sua risada você terá escondido! Você vai querer rir pra mim, e vai sair um grito! Você não saberá mais a diferença entre um riso e um gemido. Tudo em você de você mesmo terá sido escondido. Tudo vai soar falso e eu não vou acreditar que você era aquele menino. Vou ter pena de você por te achar louco, e me desvencilhar cordialmente, acenar com um sorriso, e sumir ao dobrar uma esquina. Não vou mais te procurar. Talvez nunca mais te achar. Terei saudades de você. Você entende como pode ser terrível uma brincadeira inconseqüente?! Se quiser, conte agora até dez, e quando você se virar, eu estarei na sua frente. Fim de jogo.

10.5.09

primeira poesia

p/ minha mãe

matéria-prima do poeta
palavra
a gente lavra, lavra
esculpe a palavra
pinta de várias cores
faz soar em vários tons
brinca na ginga
dança na música das palavras
meu primeiro poema
foi a primeira palavra falada
para o público mais comovido
mãe
é palavra, é gente
abrigo, alimento, é vida
é toda palavra já dita
toda a palavra não-dita
toda bendita palavra gerada no ventre do universo
todo verso
e toda prosa
mãe é toda, e todas são,
rima mais rara, mais cara, mais rica
e nem precisa ser escrita
mãe é
poesia