23.4.06

que solidão, que nada!

O segundo número da Revista Palavril já está no ar! O link mora aqui ao lado. Vale a pena visitar. O Alex Topini, além de poeta, é um articulador e tanto! Reuniu um grupo grande de jovens artistas com trabalhos diversificados e deu uma cara de livre expressão à revista sem perder a qualidade. É um espaço de troca e interação, porque você vê seu trabalho lá e também passa a conhecer o trabalho dos outros. Essa coisa de escritor solitário é um saco! Já temos um espaço virtual pra nos encontrarmos. E temos também vários espaços "reais".
Tem o CEP 20.000 (link ao lado) que volta em maio na última terça de cada mês (pelo menos até agosto, ou até quando a Prefeitura deixar ou Chacal mandar o poder público com seus interesses privados pras cucuias e conseguir um patrocínio sério via edital).
Tem o Planeta Letra, toda segunda no Planetário da Gávea.
Tem o Dizer Poesia, pro qual tô devendo a minha presença, na Livraria Ver e Dicto em Niterói, e no Rio, e em São Gonçalo.
E tantos outros que eu vou descobrir agora que estou formada e com tempo pra viver da brisa da poesia!
Dia 1º de maio vai ter Planeta Letra em Niterói, integrando a programação do Arte Jovem Brasileira (tb tem link aqui do lado), às 20h, no Espaço Convés (Rua Cel. Tamarindo, 137 - Gragoatá), com ingressos a R$1,99 e Itaipava a R$2,00. Já tem as presenças confirmadas de Chacal, Tavinho Paes, Daniel Soares, Dudu Pereira, Maristela Trindade e desta que vos escreve.
E acho que agora falta articularmos um recital da Palavril! Vamos, Alex?! Pode ser em algum lugar da Lapa. A Lapa é dos poetas como o céu é do condor!!! Pode ser sob os arcos, um caixote como palco. Pode ser na rua, na esquina, na praça, no bar. Pode ser em qualquer lugar. Vamos?!

19.4.06

Concurso "me arruma uma rima?" 2006 - 1ª edição (outras virão...)

O ruim de escrever rimado é que às vezes fica faltando alguma coisa. Alguma coisa não fecha, não encaixa, não combina. Estou à procura de uma rima. Resolvi lançar um concurso: quem me sugerir a melhor rima para fechar o poema abaixo, ganha um beijo apaixonado e uma declaração de amor sincera!

incongruente

vem zumbir no meu ouvido
que adora o meu sorriso
e só me faz ranger os dentes

ele chega sorrateiro
me promete o mundo inteiro
depois faz que não entende

me devora na surdina
diz que eu sou sua menina
(me arruma uma rima?)

diz que é química ou sei lá
que o meu corpo é o seu lar
e vai-se embora de repente

sempre repete:
só se encontra em minha pele
mas só me repele, só me repele

ele é meu mosquito e meu repelente.
quando as pessoas dizem que estão febris, querendo expressar arrebatamento, elas não sabem o que dizem. senhor, perdoe-as, não sabem o que dizem! estou febril há dias, oscilando entre 37 e 38º, e nem um pouco arrebatada. abatida, isto sim! derrubada. sem vontade de levantar da cama e sem sono pra dormir. um meio termo que é lugar nenhum. um nada que é tudo de ruim. eu sinto a febre por todo o meu corpo. tenho isso de não precisar botar termômetro pra saber que estou com febre e mais ou menos quanto mede. meu corpo logo me acusa a febre, por mais baixa que seja. sinto ela estourar dentro de mim, o corpo amolece, queima e gela. e eu perco a vontade de qualquer coisa. viver torna-se uma obrigação quase mecânica. definitivamente, não vivo paixões febris nem ardentes. minhas paixões são saudáveis e agradavéis, como uma brisa gostosa vinda do mar que me faz ter vontade de voar. abro as asas e vou...

13.4.06

clima de arrumação

no clima "fim de faculdade", engendro uma arrumação na minha papelada que se acumula há dias, meses, anos. encontro cada coisa que dá vontade de guardar. mas a lei é "na dúvida, joga fora!", porque não é importante. aí achei um papel com uma "resposta" do i-ching. lembro que anotei porque foi a primeira vez, em anos, que fez algum sentido pra mim na época em que joguei. todas as outras vezes eu tinha vontade de tacar o livro pela janela, saía com mais dúvidas que antes! deu até vontade de publicar, ou de guardar mais um pouco. lixo! achei contatos de pessoas que nem tenho idéia de quem são, vários, anotados em guardanapos, panfletos, pedaços rasgados de folhas de caderno. podia escrever um e-mail ou dar uma ligadinha e perguntar "ei, de onde nos conhecemos? vc lembra? por que peguei teu contato? era alguma coisa de trabalho? ainda tá de pé? ou era só sexo mesmo? bem, nesse caso, melhor deixar pra lá... se não lembro o teu rosto, não era interessante..." lixo! achei livrinho de auto-escola, de plano de saúde, de empresa telefônica, regulamentos da faculdade, guias turísticos de cidades que visitei... lixo! lixo! lixo! o que achei de panfleto de evento, de bilhete de passagem, de bilhetes de teatro, cinema, show... lixo! e mais lixo! achei também muita anotação minha, e essas são as que mais dão vontade de guardar. é pedaço de verso, trecho de roteiro de filme, começo de crônica, idéia de conto, memórias, matérias de aulas da faculdade, um pensamento solto, momentos e mais momentos... e eu fico lendo e lembrando do momento em que escrevi, o que me motivou àquilo, por que, como, onde, quando... e dá uma puta vontade de guardar como pedacinhos da minha vida! mas se for guardar tudo o que escrevi, fudeu! minha casa vai ficar amontoada de papel (como já está)! e a idéia da arrumação é justamente acabar com essas torres de papéis que me circundam. com dor no peito: lixo! assim segue a vida se reciclando. papel vai, papel vem. amanhã anoto num guardanapo de bar o contato de alguém que não verei jamais e cujas feições me serão indiferentes. depois, guardo o panfleto de um evento que quero ir no mês que vem. e deixo sobre a mesa o bilhete da peça que acabo de ver. e dentro de um livro, guardo um verso incompleto de um poema que nunca escreverei. em cima da estante, um rascunho de carta. dentro da carteira, no cartãozinho com a data da próxima consulta médica, escrevo um pensamento que me percorre dentro do ônibus a caminho do trabalho. e assim, minha vida se enche novamente de papéis que de nada me servirão, além de suscitar recordações na próxima arrumação. e lixo!

A fábula da formiguinha contemporânea

Esmaguei uma formiga, dessas minúsculas, que dão muito em apartamento. Ela ziguezagueava pela mesa da cozinha, acompanhada pelo meu olhar perdido. Foi instintivo. Num impulso, tasquei-lhe o dedão. Não sobrou nada de sua matéria já tão reduzida, pó. Ergui suavemente o olhar e vi centenas delas, talvez milhares, sou péssima para calcular multidões (talvez devesse perguntar à PM e aos organizadores e fazer uma média dos dois para chegar a um número aproximado de presentes). O fato é que estavam elas, as tantas formiguinhas, enfileiradas na parede da cozinha, formando um longo e tortuoso caminho até a mesa. Trabalho de formiguinha, minucioso, coletivo, passo-a-passo, sem reconhecimento nenhum. E a outra companheira lá, esmagada pelo meu dedão, sem nem porquê. Morreu como indigente. Ninguém para chorar a sua morte. Virou pó no pó do esquecimento e logo será varrida pelo vento. E lá estão as outras trilhando seu caminho. Indiferentes à minha presença, à ameaça que represento para suas vidas, à formiga por mim espedaçada. Lá estão. São tão organizadas, mas não têm a menor consciência do que fazem. E eu aqui, tão consciente da minha desorganização, tão consciente da minha solidão, tão consciente do meu abandono estéril a essa observação despretensiosa de um bando de formigas na parede da minha cozinha. E eu aqui, capaz de chorar a morte de uma formiga, de recordá-la, de descrevê-la. Capaz de chorar a minha própria morte com o corpo pulsando. Capaz de sentir e de pensar, sentindo-me e pensando-me tão incapaz de uma organização coletiva como a destas formigas. Ah, mas elas vivem em outro mundo! Se tivessem consciência do mundo em que vivem, talvez sofressem de estresse e depressão, talvez fizessem uma cirurgia plástica para se adequar aos padrões de beleza ditados para um formiga ideal, talvez vendessem seus corpos para se alimentar, pior, talvez vendessem suas almas, talvez temessem a morte, se matassem umas às outras, criassem um deus à sua imagem e semelhança, criassem um demo à sua imagem e semelhança, criassem problemas e rogassem aos céus a solução... talvez estivessem tão ocupadas, tão sem tempo, que seu tempo de vida passasse em vão... e talvez tivessem quem chorasse a sua morte... mas quem choraria a sua vida???? Tal qual uma cigarra, canto o trabalho destas formigas, não importa a estação do ano. O inverno é aqui. Mas, putaqueopariu, como tem formiga nesta casa! Amanhã vou dar um jeito nisso.

Foi dez!

tudo valeu! ...os quilos perdidos, os pulmões esfumaçados, as folias ofuscadas, as poesias não escritas, as palavras não ditas, os brindes não erguidos, as noites mal dormidas, os amores não vividos, os amigos desencontrados... tudo valeu!

Segue abaixo o parecer da banca sobre a minha monografia. Banca, diga-se de passagem, formada por alguns dos melhores professores da UFF, João Luiz Vieira (orientador), Tunico Amâncio e Fabián Núñez:

"O texto apresentado se destaca pela sua clareza, domínio do tema e da bibliografia escolhida. Trata-se de um ensaio ousado - no sentido de sua apropriação de uma área teórica consolidada (Eisenstein e Brecht, em especial) trazida com pertinência para o cinema contemporâneo.
A banca elogia a imersão e seriedade com que a aluna se dedicou à pesquisa, conceituação e redação do texto, em especial, o compromisso com a idéia de um cinema ainda transformador.
O trabalho é original e corajoso, chamando atenção e lançando luzes sobre um filme ainda não consolidado em sua fortuna crítica. O texto aponta para questões - o estatuto do espectador contemporâneo; a eficácia de estratégias reflexivas no cinema e no público contemporâneos, entre outras - que merecem desenvolvimento numa pós-graduação."

Foi bom tirar 10! Mas foi muito melhor ouvir a leitura desse parecer!!! Um puta incentivo para eu dar continuidade à pesquisa do tema na pós! E eu vou...

10.4.06

Monografia, "jáinda"

Já emagreci, já adoeci, já perdi a conta de quantos cigarros fumei, de quanta cafeína ingeri... estou um caco, a cuca fritando. Mas botei um ponto final na minha monografia (e em sete anos de UFF)! Ainda falta a apresentação...

"Quanto vale ou é por quilo? - uma interrogação sobre o espectador do cinema": quarta, dia 12/04, às 14h. na Sala de Projeção do IACS (R. Lara Vilela, 126 - São Domingos - Niterói). Segue abaixo o resumo. Quem tiver interesse no tema, pode aparecer.

Depois, a comemoração se estende para os bares de São Domingos, com direito a várias saideiras!!!... Quem tiver interesse no tema, deve aparecer!

Depois de depois, me encerro na serra!!! um banho de cachoeira me cura de tudo... volto sarada!

RESUMO

Neste trabalho, buscamos compreender o papel da arte, e em especial do cinema, na contemporaneidade, a partir de concepções marxistas e gramscianas que situam o ser humano como sujeito histórico, ressaltando a dinâmica do processo histórico e o papel do “intelectual orgânico” na “disputa de hegemonia”. Para isso, apresentamos algumas formulações teóricas que nos ajudam a pensar a relação entre o espectador, enquanto sujeito histórico, e o espetáculo, num projeto de cinema contra-hegemônico, tendo como base, principalmente, os trabalhos de Bertolt Brecht e Sergei Eisenstein. E a partir daí, verificamos como estas teorias se relacionam ao analisar um trabalho artístico contemporâneo específico, o filme “Quanto vale ou é por quilo?”, de Sérgio Bianchi. Pretendemos, dessa forma, atualizar uma série de formulações teóricas em um trabalho prático contemporâneo que as dinamiza.


ABSTRACT

Our purpose in this work is to understand the present role of art, specially the cinema, according marxist and gramscian conceptions which consider human being as a historical subject, emphasizing the historical process's dymanics and the role of the "organic intelectual" in the midst of the "hegemony disputation". We expose some theoretical formulations which can help to think the relationship between the spectator as a historical subject and the spectacle and we propose a counter-hegemonic cinema inspired chiefly in Bertold Brecht and Sergei Eisenstein's works. We study the relationship among these theories through the analysis of a contemporary artistic work, Sergio Bianchi's film "Quanto vale ou é por quilo?". Therefore we intend to update these theories from the viewpoint of a a contemporary practical work.

2.4.06

Há dias
que de tanto o Sol brilhar
obscureço

Há dias
que dos brindes a saudar
eu convalesço

Há dias
que florescem
e me despetalo

Há dias que me calo.