25.7.08

Madame Kaos com calcinhas comestíveis... ;)


Na próxima quinta, dia 31/7, a Madame Kaos (grupo poético formado por mim, Juju Hollanda e Marcela Giannini) vai se apresentar no evento Amostra Grátis, do projeto Geringonça, no SESC Tijuca. Vai ser uma experiência nova pra gente, e não sei no que vai dar, mas tô bem animada! A gente vai se apresentar no workshow, com o Fausto Fawcett e a Orquestra Charles Bronson, que a gente só vai conhecer no dia, pq a idéia é a coisa rolar meio de imporviso... É a primeira vez que vão fazer o workshow com poesia. Espero que dê certo! Mas eu adoro o Fausto e tenho certeza de que ao menos eu vou me divertir bastante!... E quem quiser curtir também, é só aparecer por lá. A partir das 17h, com entrada franca.



24.7.08

MALANDRO É O GATO QUE JÁ NASCE DE BIGODE

o gato gastou 7 vidas
mas ganhou bônus
em chamadas telefônicas
de celular pra celular
bateu um fio pra deus
e miou: quero mais!
pular de telhados, virar latas,
afiar as unhas nos sofás!...
deus que não era bobo nem nada
sacou a parada
e falou: tudo bem.
mas eu quero saber dos seus passos, seus saltos,
e de todos os seus percalços
e ligou várias vezes pro gato
numa de monitorar seus atos
e assim gastou várias chamadas
(que ele não era bobo nem nada)
só pra ganhar o seu bônus também
hoje o gato tem bônus de vida
e um plano família
pra falar todo dia
de graça com deus

malandro é deus
que tudo pode
e o gato
que já nasce de bigode

O que ficou da noite de lançamento, o que sempre fica, o que é...

Foi show o lançamento do meu livro! A melhor parte foi reunir os amigos. Natália, Tamara, Marcelo, Vini, Flávio, Rachel, Rafa, mãe, irmã, tia Mari, tio Zé Carlos, Denise, Vânia, Palharini, Deborah, Pierre, Denize, Marcela, Juju, Dudu, Dandan, Adriana, Fernão, Maysa, Betina, Tito, Denizis, Cairo, Ed, Graça, Augusto, Lucas, Jac, Junior, Guto, Cecília, Matheus, Murilo, Oswaldo, Almir, Leila, Maíra, Gustavo, Tarja, Carol, Tchello, Gean em texto, Chacal em áudio, e tantos outros... Alguns de passagem por lá, descobriram o lançamento na hora. Isso que é bom de Niterói, de São Domingos... A gente sempre acaba esbarrando com os amigos! E foi a primeira vez que eu chorei falando um poema, justo o que dedico aos meus amigos! Consegui segurar as lágrimas, mas a voz saiu embargada e os olhos cheios d'água. Depois Fernão veio falar comigo: não consigo ouvir ou ler esse poema sem encher os olhos d'água. Realmente o poema é bonito, mais que a forma, é a verdade dele, é a alma... EU AMO OS MEUS AMIGOS!!! E para todos vocês, os que foram ao lançamento e os que estiveram lá em pensamento, republico:

O SOLO QUE BROTA, A ASA QUE NASCE

gosto da companhia de amigos

homens, gosto
dos que me fazem gozar, dos que me fazem amar
dos que me fazem sofrer e escrever um poema
também gosto
menos
mas gosto mesmo é de amigos
amigos não estão sempre bem
não estão sempre sorrindo
não estão sempre de acordo
não estão sempre falando o que você quer ouvir
mas estão sempre
sempre, sempre, sem qualquer condição
estão sempre lá
estão sempre aqui
estão sempre tão perto mesmo longe que lá e aqui parecem se fundir
amigos são sempre que não importa o que haja
você nem precisa falar
amigos se comunicam no olhar
amigos se olham nos olhos
amigos não desviam
são seis sentidos te sentindo
seis sentidos te fazendo sentir
sentidos atentos a todos os seus sentimentos
amigos não são pai e mãe não mimam nem cobram
amigo não precisa fazer nada
basta estar ali
você sabe e isso te acalma norteia deságua
você sabe e isso basta
amigo é o solo que brota sob os seus pés
quando você pisa o abismo
amigo é a asa que nasce nas suas costas
quando você nada para o precipício
amigo é a rede que te ampara numa acrobacia aérea
em qualquer queda
e antes mesmo da queda
é seu ponto de equilíbrio
e é só por saber
saber tão forte com todos os sentidos
que eu tenho amigos
é só por isso
que eu me jogo...
(se não fossem os meus amigos
eu jamais saberia o que é voar
quando pensava estar caindo...)

23.7.08


BEATRIZ PROVASI lança seu primeiro livro de poesias, INVENTOS RAIOS E TROVÕES, dia 23 de julho, a partir das 20h, no bar São Dom Dom (Rua General Osório, nº 5 - Praça de São Domingos, Niterói), com apoio cultural da Cantão. No palco, apresentará parcerias com as poetas Juliana Hollanda e Marcela Giannini, que formam com ela o grupo Madame Kaos, com seus companheiros do grupo Voluntários da Pátria, Betina Kopp e Edu Planchêz, e do grupo Ratos di Versos, Dudu Pererê, além de reviver o dueto Bia&Cia com o poeta Chacal, com participação de Daniel Soares. O evento contará ainda com show de Rafaela Torres, e entre os poetas convidados, Cairo e Denizis Trindade (A Dupla do Prazer), Fernão Monteiro, Bayard Tonelli e Adriana Monteiro de Barros.
A publicação, independente, conta com o apoio do ICHF-UFF, através do movimento Poemática, ilustrações de Marcela Giannini, fotos e arte gráfica de Maysa Britto. O livro custa R$10,00 e também pode ser encomendado pelo blogue da autora,
www.numanoitequalquer.blogspot.com.

Ora nua e sensual, ora rebelde e sombria,
a poesia de Beatriz Provasi é provocadora,
de alta tensão, explosiva,
mas sempre atenta à literariedade,
à melodia, às rimas e ao ritmo dos versos.
Os leitores vão se surpreender
diante de uma nova poeta.

Cairo de Assis Trindade

Beatriz Provasi, menina-mulher
ousada e atrevida, sobe no palco, solta o verbo
e encanta platéias, com seu despojamento,
sua irreverência e intensidade.
Além de poeta, Bia é militante do movimento.
Uma bela representante do feminino,
na poesia do séc XXI.

Denizis Trindade

A DUPLA DO PRAZER


Quando Beatriz começa, eu me acabo.
Seu jeito de escandir um verso, de me esconder sua alma.
E de repente, num tilintar de letras,
me brindar com os mais belos hinos de desassossego,
como quem traz sua força e sua fúria,
impressa com calma na palma da mão.
Um brinde a seu talento e formosura,

Chacal

Matéria d'O Globo Niterói


20.7.08

queda reluzente
desejos no fundo do poço
e nenhuma moeda no bolso

poeta é estrela cadente

13.7.08

CADÊ MEU ISQUEIRO?!

"e os fósforos estão molhados demais
para acender o que for" (Juliana Hollanda)

sem nem perceber alguém enfiou meu isqueiro no bolso
hoje os fósforos estão todos molhados
choveu muito nos dias que passaram
muitos dias se passaram
e daquele fogo todo
restaram fósforos molhados
eu fumo cigarros apagados
tê-los entre os dedos me conforta
porque eu nunca tive nada nas mãos
sempre quebrei palitos em mesas de bar
rabisquei o papel das toalhas e rasguei o molhado do suor dos copos
é uma ânsia de ocupar as mãos
distrair o vazio dentro delas
é pra isso que escrevo poesia
e quando falo tenho nas mãos o gesto
como se colhesse cada palavra no ar
tenho palavras nas mãos e não sei o que fazer com elas
as mãos, as palavras, nunca sei onde metê-las
meto no bolso a procurar o isqueiro
merda! alguém pegou...
sempre perco canetas e guarda-chuvas
mas não me distraio com isqueiros!
ando distraída e fumo cigarros apagados
ando pegando chuva e guardo canetas estouradas
desconfio que há alguma coisa errada
fósforos molhados não acendem nada
muitos dias passaram por mim e eu nem vi
andei apagada
- amanhã vou comprar outro isqueiro.
solidão
é um sólido muito grande
estou sólida aqui
sou enfim terra
à vista de todos
terra devastada
queimada no próprio fogo
mas terra firme
terra que não voa mais ao toque do vento
cola-se ao chão
terra seca, sem nenhuma água, sem infiltração
solidez mais dura que a solidão
tornei-me terra para apoiar os pés
tornei-me terra para enterrar os mortos
sou solo por opção
e apesar do clima inóspito
guardo sempre um solo fértil
na palma da minha mão
o que entrego é vida