13.1.06

“Só Jesus expulsa os demônios das pessoas!”?

Às vezes vejo tanta mediocridade à minha volta, que supervalorizo minha inteligência com pitadas de arrogância. Outras, no entanto, me dou conta de que sou uma ignorante irremediável. Quando desvio meu olhar do medíocre ou do meu próprio umbigo, percebo quanta coisa no mundo eu não conheço e nem nunca vou conhecer, porque não terei tempo de vida suficiente para isso. Parece que viver é sempre uma busca e um monte de coisas vai ficando no meio do caminho, para trás, ou num pra frente eterno... inalcançável. Cada nova descoberta aponta outras tantas cobertas. Estudar é um tapa na cara: “idiota, você pensa que sabe muito – você não sabe nada!” Tenho sido masoquista, mas preciso desses tapas sonoros pra me acordar dos meus transes travestidos de olhares superiores e frases certeiras. E esse estudo a que me refiro não tem um viés academicista, não é só ler tais e tais autores, tais e tais obras, é ler também as relações humanas que me cercam, me perpassam, é ouvir atenta as histórias de vida de pessoas que nunca puseram os pés numa universidade e são mais relevantes pra minha formação que muito blá, blá, blá de muito professor doutor em sala de aula. Mas é também ler os tais autores e as tais obras. E quando eu estou prestes a completar um quarto de século e percebo que os livros que eu ainda quero ler são muito mais numerosos que os que eu já li, e essa lista cresce continuamente, concluo abismada que minha ignorância é irremediável e só tende a crescer, já que quanto mais eu estudo, mais percebo quanta coisa ainda me resta a saber. Eu já me prometi escrever menos e ler mais. Mas eu sou inquieta demais pra conter palavras, quando elas ululam dentro de mim. E quanto mais leio, mais delas ululam, ecoam, vibram, chacoalham, ziguezagueiam sem me deixar em paz um segundo sequer. Só me resta expulsá-las, escrevê-las aos montes, pra voltar à leitura mais concentrada. Sorriam, vocês acabam de presenciar um exorcismo!

Um comentário:

Anônimo disse...

não se permita contê-las,expulse-as e libere-as às galáxias,mostre sua fôrma de idéias pra quem possa.faça bom proveito da linguagem,invente-a.beijo,edu