22.1.06

Dinheiro grátis

Queimar dinheiro não é pra qualquer um... Aquele festival de compra e venda ganha um sentido revolucionário ali. Pouco me importam os pormenores do texto e da direção, que a crítica teatral em geral adora escarafunchar. “Dinheiro grátis” dialoga com o espectador, provoca a crítica, o questionamento, a ação. Insere o espectador num jogo em que a aposta é dinheiro compra tudo. O espectador entra nesse jogo comprando, vendendo, especulando valores para isso ou aquilo. De repente, está naturalizada a afirmação: dinheiro compra tudo. Um cara do público simula uma masturbação por três reais! Uma fumante desesperada paga dois reais pra fumar um cigarro no palco (eu quase, quase paguei um... ela deu um lance mais alto)! Melamed vende uma declaração de amor sincera, um poema, uma música... E no final, queima o dinheiro todo! (todo não, que as moedas não queimam, mas vale o simbolismo). Eu saí da peça ainda sob efeito daquilo tudo, ainda estou sob efeito daquilo tudo, e isso pra mim é uma boa peça! Não uma pecinha padronizadinha, bem acabadinha, bonitinha e legalzinha que não te propõe reflexão alguma, que não mexe com você, que não dialoga, que não te diz nada! Não vi “Regurgitofagia” por puro preconceito: não gostei daquela coisa de choque elétrico, achei muito pós-moderna, tipo Eduardo Kac e sua idéia de um cachorro fluorescente. Hoje, me arrependo. Devia ter visto. Michel Melamed ganhou (mais) uma fã.

DINHEIRO GRÁTIS
Texto e atuação: Michel Melamed.
Direção: Alessandra Colasanti e Michel Melamed.
Espaço Sesc: Rua Domingos Ferreira, 160 - Copacabana – Tel. 2547-0156. Qui a sáb, às 21h. Dom, às 19h30. R$12. 70 minutos. Até 29 de janeiro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mudar o mundo e entendê-lo é entendermos e mudarmos nós mesmos.
Ou não.
Um beijo confuso

Beatriz Provasi disse...

é tudo ao mesmo tempo agora antes depois e quando o que onde como por que pelo sim pelo não talvez
um beijo cafuzo