24.5.08

eis por que eu queria ter viajado neste feriado:














gosto de chuva
não a chuva ácida das cidades
a chuva do mato, das serras
o cheiro de terra molhada
as gotas grossas caídas das folhas das árvores
um cheiro verde e molhado
um cheiro grosso e barrento
as gotas grossas massageando o rosto
os cabelos, as roupas pesadas
tudo escorrendo pra terra
onde planto meus pés-raízes
e da terra para os rios
os rios cheios, revoltos
meus pés revoltosos correndo
no molhado macio da terra
para beirar o rio
não convém mergulhar
mas ver o encanto da fúria das águas
que a chuva nele desperta
o encontro das águas do céu e da terra
a chuva vai rareando até parar
o sol entra em cena
pra evaporar lentamente as águas da terra
e torná-las mais fortes em cheiro que sobe
o rio vai se acalmando, clareando
o estalo das águas dá lugar ao canto dos pássaros
o sol pouco a pouco secando a minha roupa
queimando o meu rosto
até que retorno às águas da chuva nas veias do rio
mergulho macio
felicidade é o macio das águas
tem gosto de chuva
cheiro de terra molhada
orquestra de passarinhos
visão do mirante da estrada

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