22.6.08

o solo que brota, a asa que nasce

para Marcela, Fernão e Maysa
e todos os meus amigos

gosto da companhia de amigos
homens, gosto
dos que me fazem gozar, dos que me fazem amar
dos que me fazem sofrer e escrever um poema
também gosto
menos
mas gosto mesmo é de amigos
amigos não estão sempre bem
não estão sempre sorrindo
não estão sempre de acordo
não estão sempre falando o que você quer ouvir
mas estão sempre
sempre, sempre, sem qualquer condição
estão sempre lá
estão sempre aqui
estão sempre tão perto mesmo longe que lá e aqui parecem se fundir
amigos são sempre que não importa o que haja
você nem precisa falar
amigos se comunicam no olhar
amigos se olham nos olhos
amigos não desviam
são seis sentidos te sentindo
seis sentidos te fazendo sentir
sentidos atentos a todos os seus sentimentos
amigos não são pai e mãe não mimam nem cobram
amigo não precisa fazer nada
basta estar ali
você sabe e isso te acalma norteia deságua
você sabe e isso basta
amigo é o solo que brota sob os seus pés
quando você pisa o abismo
amigo é a asa que nasce nas suas costas
quando você nada para o precipício
amigo é a rede que te ampara numa acrobacia aérea
em qualquer queda
e antes mesmo da queda
é seu ponto de equilíbrio
e é só por saber
saber tão forte com todos os sentidos
que eu tenho amigos
é só por isso
que eu me jogo...
(se não fossem os meus amigos
eu jamais saberia o que é voar
quando pensava estar caindo...)

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