5.1.08

astronauta

p/ Augusto de Guimaraens Cavalcanti

chega em silêncio, tua expressão indecifrável, teu ar de estrangeiro, astronauta em lua nova, menino perdido, caído do berço no meio do abismo, desliza em meu colo teus cachos mal feitos, afunda teu rosto entre meus peitos, encontra abrigo em meu ventre, se quiseres... ou nos deixa ao vento, pipas que se cruzam, papagaios caídos nalgum telhado vizinho... a noite se avizinha, velha ranzinza a nos perturbar, deixa reclamar do barulho! hoje não vamos abaixar o som, nem as cabeças, nem a crista. hoje vamos cantar como galos desregulados o amanhecer de cada hora, minuto, segundo. hoje o mar nos abraçou ao entardecer como a dizer que não tardemos a nos abraçar. você ouviu o sussurro das ondas? não ouvi você falar seu nome... mas eu gosto. muito me gusta! sonoridades do não dito em você. há sempre algo ainda por dizer... não diz mais nada. e vamos brindar a não sei o quê. perdi a conta dos chopps, deixa o garçom roubar. tampouco sei contar estrelas, não sei contar..., podem roubá-las!... até a lua que me sorri - parece triste! - levem-na daqui!... há tantas luas tristes no fundo do teu olhar!... são as luas onde quero pisar, com passos de astronauta. me ensina a andar?...

2 comentários:

Anônimo disse...

PROVAI PROVASI.
É SONORO. EU GOSTEI DA ESCOLHA.
waleska.

Beatriz Provasi disse...

Valeu, Waleska! Beijos!