17.1.08

7 tiros.

Saí de casa correndo como um louco,
Atropelando mendigos tresloucadamente
Como os tais elefantes e pássaros do
Subcontinente indiano quando do Tsunami
(Quem se lembra?!).
Mas me esqueci, meio que querendo esquecer,
Meus sapatos, meus charutos, e algumas
Economias depositadas no bolso d’um
Paletó no meu antigo (?) armário, pois
POR DINHEIRO AS PESSOAS SEMPRE VOLTAM.
Saí correndo como um Forrest Gump
Tolo e temeroso, chutando pombos e com
Um rifle chamado DESTINO
Apontado para o céu, atirando em várias direções:
Verdadeiras balas perdidas...
O primeiro projétil acertou uma antiga paquera
(JÁ NÃO ERA SEM TEMPO!);
Ela mereceu, eu mais ainda.
O segundo, em bares e garrafas de vinho
Espalhados pela cidade de São Paulo;
BALAS PELA NOITE PAULISTANA! ÊBA!
Já o terceiro tiro teve que ser mais
Pragmático: casa nova,
A bala mais necessária para um projétil
SEM PROJETO!
O quarto tiro acertou em quatro mulheres d’uma
Só vez, numa espécie de fila indiana:
Percebi que tinha uma boa arma em mãos, afinal.
O quinto tiro disparei no Rio de Janeiro:
Da sacada de um apartamento em Santa Tereza,
A tal bala rechicoteou na
Baía de Guanabara, pegou o Aterro em direção
À Copacabana com seus fogos de ano novo,
O Arpoador com seu mirante e
Ipanema com o seu TODOTOTALIMAGÉTICO.
Bala perfeita, essa...
O Rio ainda foi palco do meu sexto tiro:
Uma tigresa com um coração galinha de leão,
Fina flor da feminilidade carioca.
Já o sétimo tiro não foi bem com balas,
Mas na balada, até as 7 da manhã.
7 tiros e
Pá, pá, pá, pá, pá, pá, pá!
...
São oito horas da manhã, e penso que quando eu voltar
A minha mira para as coisas e os charutos
Que deixei pra trás, terei que ter um
Cartucho extra de balas ou,
Como Hemingway,
Dar um adeus às armas,
Ainda que temporariamente.
Atirar cansa.
Ou não.


Franco Chiariello

Nenhum comentário: