26.10.06

A marquinha do biquíni e outras marcas

Mais fácil tirar a roupa, que despir as defesas da alma
Desfilo nua pelo teu quarto, pela tua sala, pela tua mente
Mostro uma curva em cada curva e uma pinta em cada quina do teu apartamento
Deixo à mostra todos os meus pêlos e cada trecho depilado da minha pele
Cada marca de sol, cada marca do tempo, cada marca de corte, cada tatuagem que deixei de fazer você pode ver
Mas há tatuagens que fiz e não há remoção nem a laser, tatuagens que fiz sem querer, ou sabendo que ia doer, há muitas marcas que você não pode ver
Tenho marcas cobertas e recobertas por fortes muradas calcadas de silêncios
Um dia, sem querer, eu tropeço e a toalha cai
Me vejo verdadeiramente nua na sua frente
Me embaraço
Você chega sem delicadeza e me faz uma tatuagem a mais
Eu urro de dor, choro, me descabelo,
Sabia que não podia confiar, que convivência é dor pungente, é marca na alma pulsante em carne viva
Você me olha como se não compreendesse
Meu deus, não vê que estou nua? Não vê que você me tatua?
Eu me revisto de novos silêncios ainda mais cerrados
E eis que você é mais uma marca em mim que você não pode ver

Um comentário:

Beatriz Provasi disse...

Vc tb é uma marca em mim. Vc sabe que já me tatuou a alma. Beijos!