29.10.06

geração

Eu vivo uma geração sem expoentes
Uma geração de estrelas cadentes que sequer se sustentaram no céu para dar-nos suas quedas em espetáculo celestial
Uma geração de trevas ofuscada pelas luzes eletrificadas que explodem retinas
A minha geração ficou no meio do caminho entre a que foi e a que talvez virá – virá?
Nem sexo, drogas e rock’n roll nem açaí com guaraná
Uma geração big mac fast food self service coca diet com entrega a domicílio que cresceu na frente da TV
Eu não sei da internet o tanto que ela sabe de mim nem li tantos livros assim
Vivo entre o passado e o futuro a semente estéril de uma geração imprensada em cima do muro
E eu aqui deslocada sem estourar numa ploc, sem entender nada de rock, achando que a minha vida é um pit stop
Onde é que isso tudo vai parar?
Sei lá, acho que a minha geração perdeu a hora, saca? Tava dormindo e não ouviu o despertador tocar. Acordou meio-dia no meio da vida na casa dos pais achando que viver ou morrer tanto faz.
É uma geração que não dá poema. Não rima nem arrebata. Não ladra nem morde. Jamais daria um uivo. E nem consegue arrancar suspiros ou suspender respirações.
Sendo fruto de uma geração que não representa nada, nem a minha própria geração eu sou capaz de representar.
Eu vivo na contramão de uma geração que não tem fluxo pra lugar algum.
Então, como é que eu posso dar em algum lugar?

Não, meu bem, eu não quero acordar. Me deixe dormir até meio-dia no meio da vida na casa dos pais achando que viver ou morrer tanto faz. Eu desliguei o despertador, então, faça o favor, não me acorde, meu bem. A minha geração dorme de olhos abertos, mas eu, meu bem, eu só quero sonhar. Me deixe sonhar que nesse meio do caminho eu ao menos sou pedra, e não terra pisada como o resto da estrada.

8 comentários:

Anônimo disse...

Big Bia!
Quarta é ratos, véspera de feriadão!! Vai lá!!
Livrinho ta saindo...terás uma bela dedicatória!
Beijo do mago!

Anônimo disse...

Big Bia!
Quarta é ratos, véspera de feriadão!! Vai lá!!
Livrinho ta saindo...terás uma bela dedicatória!
Beijo do mago!

Beatriz Provasi disse...

Dan, querido, que bom te ver por aqui! Fazia tempo que não me visitavas... Esta semana tô enrolada no trabalho, tem Sampa à vista, se der eu vou, mas é provável que não. Tô ciente que eu tb tô devendo uma visita ao Beco dos Ratos. Um dia, eu vou! "Vou voltar, sei que ainda vou voltar" e tralálá... Beijos!

Beatriz Provasi disse...

Cá estarei. Venha me ver! Não sei se vc tem o número novo do meu celular. Vou te passar por e-mail, pra vc não ter desculpa pra não me ligar. Beijos!

Gean Queiroz disse...

é bia....estamos no intermediário de alguma coisa que não sabemos,vivemos um vácuo, que é como uma espera infinita de não sei quê, mas não podemos dormir até meio dia todo dia, e se desligarmos as máquinas o mundo pifa, o que não seria de todo mal, se ainda existirem cachoeiras no mundo..........bjos

Beatriz Provasi disse...

Desliguemos as máquinas, Gean, desliguemos as máquinas que nos robotizam!!! Deixa o mundo pifar! Quem sabe aí a gente consegue fabricar um outro... Até lá eu continuo me sentindo essa coisa indefinida fora do lugar largada ao acaso numa terra que não é minha, num tempo que não é meu. Mas, mudando de assunto, vc fez falta no CEP em Sampa, heim! Foi foda, mas faltou vc! Beijos!

Antônio Jorge disse...

Beatriz,
Lindo, emocionante!
Linda, emocionante!
Vi você ontem à noite na Fliporto declamando "Da geração 81 sob o signo de aquário".
Você conseguiu arrancar poesia de um espaço que, pra mim, parecia vazio.
Você preencheu uma lacuna que, pra mim, estava perdida.
Você deu movimento ao que parecia, pra mim, estar parado.
Gostei muito, muito mesmo!
Parabéns!
Antonio Jorge

Beatriz Provasi disse...

Oi Antonio, obrigada! A FLIPORTO foi muito boa, e estar em Olinda, a receptividade daí, tudo perfeito! Ano que vem estaremos de volta... beijos!