30.11.10

hey, Jack!

Hey, Jack, o mundo é mesmo esse carrossel de estradas desencontradas pra lugar nenhum. Fica frio. O trem vai passar fora dos trilhos das nossas mentes fazendo a curva para o infinito. A gente se esbarra naquela esquina que não consta no mapa. A gente conhece os caminhos de tudo que não é mapa, atalho ou trilha. Os caminhos mais perversos, como o sorriso sádico das estrelas do deserto. Já passamos por aqui, estamos dando voltas. A estrada é sempre essa desesperança. Mãos nos bolsos, cigarro de palha no canto da boca, olhar esquecido no céu ou no chão. Tanto faz, tudo são distâncias. Ajeita a aba do chapéu do pensamento e segue o rastro da tarde. O rastro dos lençóis brancos nos varais da tarde. Vara as noites em busca de acenos de adeus. Todas as mãos andam muito ocupadas em colheitas de grãos de ilusão perdida. Vara as madrugadas. Nenhuma mão te acena adeus e você segue indo embora. Há muito já percebeu que teu lugar é do lado de fora. Hey, Jack, o mundo é assim mesmo, esse avesso. Vísceras expostas. Essas aves de rapina são o canto dos teus pássaros, o eco nos teus tímpanos. Você não vai dançar, Jack? Há muito já perdeu os passos nos pés do abismo. Tua música é um vrruuummm de carros na pista. Um crash de batida beat. vrruumm crash beat. Dança, Jack! vrruuummm crash beat, Jack dance. A pista te chama. A pista te vrruuummm. Leva longe, fora, out, Jack. vrruummm crash beat, Jack dance. Out, Jack. Leva longe, fora, out, Jack. Jack dance. Hey, Jack, o mundo é mesmo esse som de acordes desencontrados pra lugar nenhum.

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