Augusto de Guimaraens Cavalcanti,
em "Poemas para se ler ao meio-dia"
Rio de Janeiro: 7Letras, 2006
Mas há coisas agradáveis em São Paulo, como os passeios noturnos pela Praça Roosevelt, onde o meu carro foi saqueado. Eu entendo. O lançamento do meu livro 2 dias antes tinha sido sucesso absoluto e uma gangue de literatos dessa Praça – famosa por seus teatros e por imbecis que atiram em dramaturgos – arrombou o meu carro com o único objetivo de levar meus livros – claro! Só que na pressa, eles tentaram levar o carro. Não conseguiram. E ao saírem ainda aos tropeços nem perceberam que levavam junto uma câmera de vídeo digital e umas roupinhas de grife numa sacolinha vagabunda de supermercado... coisas inúteis e sem o menor valor. O que importa são os livros!, bien sur, os livros! – que encontram-se agora literalmente lançados em algum lugar de São Paulo... Alguém pode negar que o lançamento foi um sucesso?!
Mas vi o DEAD MAN, do Jim Jarmusch, que era um dos que eu ainda não tinha visto dele, e que é com o Johnny Depp, um dos meus atores preferidos, e foi um pouco cansativo porque eu estava lesada com a febre, mas ele também tava fodido no filme então deu pra eu me identificar um pouco - e tinha umas cenas que eram pura poesia... E aí eu vi um outro que era com outro dos meus atores preferidos, o Clint Eastwood, dele mesmo, GRAN TORINO, que é porrada e eu achei do caralho.
E vi ainda SHORT CUTS, do Robert Altman, que em algum nível subconsciente me remeteu ao grande ENSAIO DE ORQUESTRA, do Fellini, que sabe-se lá por que é um dos meus filmes preferidos – talvez pela contundência daquela coisa toda anárquica e visceral que faz da gente artistas ou simplesmente pessoas que vivem de verdade as suas vidas em vez de esperar pacientemente pela morte como naquela música do Raul Seixas que o cara se senta “no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”... não, na verdade ele NÃO se senta.
Na verdade o terremoto de SHORT CUTS me lembrou a demolição de ENSAIO DE ORQUESTRA, foi só isso. Mas tem sempre uma cena que basta pra você falar, que foda! Embora tivesse muita coisa ali no meio. E o terremoto não fosse nada. Apenas uma sensação extremamente necessária praquele filme todo fazer sentido pra mim. Alguém morreu e foi só isso. A vida segue seu curso. Ou não. Tanto faz. A gente tem que continuar e é o que acontece.
O outro filme foi um do Woody Allen que eu ainda não tinha visto, O QUE HÁ, TIGRESA?, em que ele faz uma dublagem louca de um filme de ação japonês bem ao estilo dele, que eu, particularmente, adoro. Aí hoje peguei mais 3 dele, porque eu tô afim de dar risada, e stund-up comedy não funciona comigo. Definitivamente. Então é isso, eu tô aqui, fodida, no smoking, no drinking, no street, no fucking... cama e inalação daquelas maquininhas de bronquite de criança. Eu aqui fodida e tudo o que eu quero é dar risada. É o que faz sentido pra mim. Alguém morreu e foi só isso. A vida segue seu curso. Ou não. Tanto faz. A gente tem que continuar e é o que acontece.
Dia 05/10 (domingo) - Lançamento do livro-instalação "Programa de Governo para Almas Desgovernadas ou Programa Desgoverno", a partir das 14h, na Cinelândia.
Dia 09/10 (quinta) - Apresentação do trabalho "Mascaramento da autora e escritura expandida", com performance e lançamento de livros, das 9h às 10h30, no Seminário Letras Expandidas, na PUC-Rio, Sala LF 42. Link: http://letrasexpandidas3.wordpress.com/
Anteriores:
Dia 09/08 - Lançamento do livro "As guerras nos porta-retratos", a partir das 20h, no Estúdio Hanói (Rua Paulo Barreto, nº 16, sobrado - Botafogo).
Dia 23/08 - Jardins Suspensos, no Morro da Babilônia.
Dia 28/08 - CEP 20.000, no Sérgio Porto.
Dia 14/09 - Lançamento do livro "As guerras nos porta-retratos", a partir das 18h, no espaço Hussardos, em São Paulo.