6.10.07

os bjs sem lábios

teu olhar vidrado na tela
petrifica
como endurece teu corpo
que não abraça, digita
como seca na boca a saliva
de um beijo que se abrevia
como se encolhe você
espremido entre duas letrinhas
que eu não consigo te ver
mas eu sei que a tua solidão
não é senão a minha
cada lágrima que brota no canto de um olho teu
vem desaguar pelo meu rosto, me molha as teclas
sou essas teclas, mas sou as mãos
mãos que suam, vazias
como sou braços que carecem de outros braços
sou fios, tomadas, sou cabelos
cabelos onde enrosco meus dedos quando me deito
sou umbigo, ventre, cólicas
sou fome, joelhos, cheiros
sou tudo isso mais a tela
sou sem a tela, sem espelhos
sou tatos no escuro, tropeços
basta um clique e desapareço
se quiser me veja a foto, o perfil, o meu e-mail
me escreva poemas com os nós do corpo e envie
mas engraçado,
envie em francês é desejo, vontade
nós podem ser duas pessoas, podemos
com os nossos corpos escrever poemas

2 comentários:

Anônimo disse...

bia querida, estou aqui te ouvindo milton te cantando. tão bonito. que textura tem teus pelos enrolados por dedos tão sós e carentes como os meus que caem sobre esse teclado que não toca beatriz mas a ama de tal maneira que os pássaros da gávea vem ouvir esses lamentos para atravessar a ponte com eles no bico e depositarem num cantinho do seu travesseiro que essa hora da manhã deve apoiar teu sono batendo palmas silenciosas. ah... seus os pagantes exigirem bix ...

Anônimo disse...

te escrevi um comment para esse poema. acho q se perdeu. triste. deixapralá

ah ... nossos corpos amalgados. quelle poesie ! houjourd'ui je dit : quel est vous en c'est matin primaverril ? oú vous se escondez de moi ? je vous aime, longment.
si vous plait, ensineé moi la langue lânguide de rimbaud. bjos bjos bjos, ch.