22.9.06

Estou abraçada por uma solidão melancólica e fria, uma solidão tão cheia de tudo, tão exausta... mas não é uma solidão desesperada, é uma solidão calma, serena, quase doce, uma solidão resignada e triste de diário perdido num pequeno baú esquecido no sótão de uma enorme casa desabitada. Uma solidão reconfortante de matéria inanimada. De desgaste. De erosão. Se me fosse dado escolher, me deixaria de bom grado corroer por esta solidão até atingir a inexistência plena. Não ser nada. Aniquilar a minha existência de todas as consciências alheias. Aniquilar-me a consciência da minha própria existência. Ser o não-ser. Extremar a solidão até um clímax de pura anestesia.

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