23.9.06

Dia novo, vida nova. Houve um tempo que eu fiz terapia. Eu pagava pra chorar no ouvido de alguém que não podia se queixar das minhas lamentações. Achava curiosa essa relação. Mas, enfim, eu estava mal. Achei que pudesse me ajudar. Com o tempo, eu estava me sentindo ótima. A caminho da terapia, quase uma hora de van (era em Botafogo - e pra 50min. de sessão!), eu ia pensando o que dizer, tentando inventar um drama interessante. Não tinha nada de relevante pra falar. Me sentia bem. Me sentia feliz. Fechei a conta e não voltei mais. Não sei se foi a terapia ou o tempo que me ajudou. Acho que foi o tempo. Nunca mais fiz terapia. Quer dizer, faço ao meu modo sem gastar um tostão. Eu choro, eu escrevo, eu desabafo, deixo o tempo passar e de repente me sinto ótima. Nem lembro mais por que eu chorava e quando leio as linhas dramáticas e derramadas que escrevi, caio na gargalhada.
Eu também gosto de dar umas reviravoltas na minha vida. Dar uma sacudida pra ver se ela se ajeita de outro modo. Ela sempre se ajeita de outro modo. Não há motivos pra desespero. Quando vc chega no fundo do poço, vc pode dar impulso pra subir. É clichê, eu sei. Mas é verdade. O pior é ficar planando no meio do poço. Ah, não, isso não! Odeio meios termos. Não há nada pior do que o mais ou menos. Do que o mais ou menos acomodado. Eu não consigo me acomodar ao mais ou menos. Pra mim é ora menos, ora mais. E já tá mais que na hora do ora mais!
Esta semana foi exaustiva no trabalho e emocionalmente desgastante. Uma semana de trabalho e solidão. De falta de companheirismo de onde ele mais devia brotar. Ontem eu quase vim do trabalho pra casa, descansar de tudo. Mas quase que por inércia eu fui levada a ficar na rua. Um amigo foi me buscar no trabalho, porque queria conversar sobre um projeto. Fomos pro bar. No meio do caminho tinha o show da Pop Goiaba. Fui lá dar um abraço no Cláudio Salles, esse gigante que invade os quintais e sacode as goiabeiras pra manter uma rádio livre no ar e agitar a vida cultural dessa pacata cidade provinciana que é Niterói. Curti o show do Fred Martins, que é sempre um encanto! Aí encontrei uns amigos da época do movimento estudantil que eu não via há séculos e acabei me animando pra ir à festa do Marcelo Freixo, candidato a deputado estadual pelo PSOL, na Estudantina. A festa em si era uma droga. Uma ploc mal desenhada. Mas encontrei tantos amigos queridos por lá que me senti recompensada. Tomei um copo de whisky e vim embora pra casa, bem mais leve e levemente embriagada.
Hoje acordei com vontade de mudar. Dar aquela sacudida de que falei. Cortei o cabelo curtinho. É o primeiro passo. A primeira coisa que mudo na minha vida é sempre o cabelo. O resto acompanha o movimento das madeixas. (Em maio, quando me formei, cortei franja. Acho que queria me sentir mais nova.) Agora elas estão curtas e leves, da cor natural, com o repicado rebelde de sempre. Já tive os cabelos ruivos, louros, negros... Agora ele está todo no castanho natural, pq cortei o que restava de tinta preta desbotada nas pontas. Tá tão natural que eu senti vontade de parar de fumar. Já testei meu limite hoje, mas lembrei que à noite tenho um queijos e vinhos e os vinhos me suscitarão cigarros. Amanhã tomarei umas cervejas no aniversário do meu ex-namorado. Então, paro de fumar na segunda. Segunda é o dia das privações. Então, vou também entrar numa academia de ginástica. Ah, vou! Desta vez eu começo o verão com cinturinha de pilão. E hálito de pasta de dente. E sem aparelho, pq o meu ortodontista me prometeu. Enfim, vou me sentir mais bonita e mais saudável. E mais forte pra pegar impulso lá do fundo e subir renovada!... É como eu estava dizendo: Cabelo novo, vida nova!

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