17.3.06

"dia de luto. por toda a violência que ainda suportamos."

Reproduzo esta parte do texto que escrevi numa postagem abaixo em homenagem ao dia da mulher, porque estou de luto hoje mais que sempre.
Acabo de perguntar por uma colega de trabalho que não vejo desde que voltei do carnaval. A resposta: foi espancada pelo companheiro ao ponto de ter sua cabeça quebrada, ter de levar pontos e tudo o mais! Está ainda em recuperação. Embora uma violência como esta não permita jamais uma recuperação, porque a agressão física também atinge a alma, e esta não se recompõe com pontos.
A gente sabe que a violência contra a mulher existe em toda a parte, seja de forma mais camuflada nas relações sociais, preconceitos, piadinhas e comentários machistas que reproduzimos dia-a-dia, seja concretamente por agressões físicas e verbais, estupros, diferenciações de salários e cargos hierárquicos etc. Mas quando essa vilência concreta e brutal acontece do seu lado, parece que ganha uma amplitude ainda maior.
Estou com o estômago revirado e a cabeça fervendo de raiva desse mundo que produz seres humanos como este homem que agrediu covardemente a companheira. Um sujeito desse tem que ir pra cadeia! Apesar de eu ter também as minhas críticas ao sistema penitenciário. Cadeia não resolve. Põe o sujeito lá e aí? Ele vai mudar? Pra pior, talvez? E os outros que agem como ele (e que muitas vezes nem são denunciados, porque as mulheres têm medo ou não conseguem se desligar da relação, pela complexidade dos sentimentos envolvidos)? Que mundo é esse? Pára agora, eu quero descer!
A única coisa que me mantém viva, já que não acredito em nada além do plano material, é acreditar na possibilidade de transformação do mundo e dos seres humanos. Mas às vezes é difícil. Tem que respirar fundo. Contar até dez. E ver o que se pode fazer. Encontrar a medida do possível agora para alcançar o impossível lá na frente. Não sei se ela vai denunciar o agressor, mas me colocarei à sua disposição para ajudar no que for preciso, fazer contatos com movimentos de mulheres, movimentos jurídicos populares, de direitos humanos etc. E tornar público o caso (mesmo sem revelar aqui o nome dos envolvidos), para que as pessoas fiquem atentas a essas questões e façam alguma coisa, nem que seja transformar a si mesmo, as suas relações humanas e dos que lhes são próximos.

3 comentários:

Anônimo disse...

a disposição pro que precisar. tenho um amigo lotado na delegacia da mulher de são gonçalo. ajuda alguma coisa?
saudades de vc lá no meu blog, passa lá!
bjs

Beatriz Provasi disse...

Obrigada. Ainda não a encontrei nem sei se ela denunciou/denunciará. Se precisar, entro em contato. E passo lá já já, deixa só eu me livrar da monografia! Beijos!

Beatriz Provasi disse...

LUTO PELA VIDA, é a inscrição do quadro de uma amiga minha. Carrega os dois sentidos. Acho que é por aí...