24.12.10

E eu nem sou essa coca-cola toda. ou Brastemps também quebram.

Eu tenho o dom – e isso só pode ser um dom, porque eu faço muito bem – eu tenho esse dom de estragar tudo. De mandar mensagens suicidas e e-mails assassinos. De ligar na hora errada. De cair fora antes do tempo. E de ficar calada fingindo que não está acontecendo nada quando eu tô me rasgando por dentro. Eu tenho esse dom de sempre fazer tudo errado. E um dom não pode ser desperdiçado. Então eu vou ligar pra desejar “feliz natal” como se nada tivesse acontecido. E ele vai se assustar e ter ainda mais certeza de que eu não passo de uma maluca. E vai entender porque não me quer, apesar de eu ser uma garota bonita e interessante, inteligente e boa de cama (modéstia não é meu forte). Geralmente esse tipo de mulher é bastante maluca e os caras fogem como o diabo da cruz. Mesmo quando os caras também são meio malucos. Depois de uma mensagem suicida e um e-mail assassino, eles entendem que tá na hora de cair fora. E eu entendo. Nem guardo mágoa. No lugar deles acho que eu faria o mesmo. O Rio de Janeiro está cheio de mulheres mais interessantes do que eu e um pouco mais comedidas. Eu não sou nem nunca vou ser o tipo “mãe de família”. Eu não sou nem nunca vou ser o tipo compreensiva, doce, equilibrada. E nem quero ser! Eu não quero compreender nem aceitar nada. Eu me acho boa demais pra me contentar com migalhas. E tá aí o meu erro trágico, a desmedida. Eu me acho a última coca-cola do verão. E não entendo por que o cara iria preferir pepsi. Quer pepsi? Foda-se! Eu continuo sendo a última coca-cola do verão. Mesmo que a coca vá ficando quente e sem gás e com gosto de xarope... Se eu fosse meio pepsi, acho que eu aceitaria o primeiro que dissesse “pode ser” e aceitaria as pedras de gelo e o limão e até uma vodka vagabunda. Talvez eu fosse feliz assim, meio pepsi, pode ser. Talvez eu não tivesse tanto medo de pegar o telefone e desejar “feliz natal” como uma desculpa besta pra dizer “oi”. Talvez eu estivesse preparada para a rejeição, e talvez por isso eu não fizesse tanta coisa errada. Talvez eu até conseguisse pedir desculpas pelo e-mail assassino e dizer “tudo que eu quero é te encontrar”, eu só queria isso, desculpa, fiquei com raiva por não estar rolando; eu fui uma garota mimada esperneando porque não tinha o que queria na hora que queria, mas eu ainda te quero. Não consigo. Não vou nem ligar. Já disse que tenho o dom de fazer tudo errado? Um dom não pode ser desperdiçado.

2 comentários:

Evandro disse...

eu acho que também tenho esse dom. reluto, mas tento não usá-lo. ah, se soubessem de minhas boas intenções... não me julgariam pelas impensadas ações - não?
li outro post mais recente, algo a ver com Etta James e natal. não é o natal ou qualquer outro feriado deprimente que me preocupa. mas etta, john, duke nessa época do ano podem ser perigosos. tente algo menos blue. beijos, Evandro.

Beatriz Provasi disse...

não adianta, evandro, eu gosto do perigo... e essa quase obrigatória euforia natalina me irrita. prefiro mesmo algo mais blue... valeu, beijos