30.12.10

essa mania de lamber feridas


regular a freqüência da solidão
com a medida do silêncio
engolir as mesmas doses dos meus venenos

os monstros embaixo da minha cama
ainda são os mesmos
- olhos arregalados de criança -

sempre bebo o sal das mesmas lágrimas
ainda converso, sempre, com fantasmas
ainda cuido, como passarinhos assustados,
dos meus anjos de asas quebradas

ainda aqueles demônios
saltando na minha cabeça
antes do sono


e como um estranho gato
essa mania de lamber feridas
com pequenas navalhas na ponta da língua

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