13.4.06

clima de arrumação

no clima "fim de faculdade", engendro uma arrumação na minha papelada que se acumula há dias, meses, anos. encontro cada coisa que dá vontade de guardar. mas a lei é "na dúvida, joga fora!", porque não é importante. aí achei um papel com uma "resposta" do i-ching. lembro que anotei porque foi a primeira vez, em anos, que fez algum sentido pra mim na época em que joguei. todas as outras vezes eu tinha vontade de tacar o livro pela janela, saía com mais dúvidas que antes! deu até vontade de publicar, ou de guardar mais um pouco. lixo! achei contatos de pessoas que nem tenho idéia de quem são, vários, anotados em guardanapos, panfletos, pedaços rasgados de folhas de caderno. podia escrever um e-mail ou dar uma ligadinha e perguntar "ei, de onde nos conhecemos? vc lembra? por que peguei teu contato? era alguma coisa de trabalho? ainda tá de pé? ou era só sexo mesmo? bem, nesse caso, melhor deixar pra lá... se não lembro o teu rosto, não era interessante..." lixo! achei livrinho de auto-escola, de plano de saúde, de empresa telefônica, regulamentos da faculdade, guias turísticos de cidades que visitei... lixo! lixo! lixo! o que achei de panfleto de evento, de bilhete de passagem, de bilhetes de teatro, cinema, show... lixo! e mais lixo! achei também muita anotação minha, e essas são as que mais dão vontade de guardar. é pedaço de verso, trecho de roteiro de filme, começo de crônica, idéia de conto, memórias, matérias de aulas da faculdade, um pensamento solto, momentos e mais momentos... e eu fico lendo e lembrando do momento em que escrevi, o que me motivou àquilo, por que, como, onde, quando... e dá uma puta vontade de guardar como pedacinhos da minha vida! mas se for guardar tudo o que escrevi, fudeu! minha casa vai ficar amontoada de papel (como já está)! e a idéia da arrumação é justamente acabar com essas torres de papéis que me circundam. com dor no peito: lixo! assim segue a vida se reciclando. papel vai, papel vem. amanhã anoto num guardanapo de bar o contato de alguém que não verei jamais e cujas feições me serão indiferentes. depois, guardo o panfleto de um evento que quero ir no mês que vem. e deixo sobre a mesa o bilhete da peça que acabo de ver. e dentro de um livro, guardo um verso incompleto de um poema que nunca escreverei. em cima da estante, um rascunho de carta. dentro da carteira, no cartãozinho com a data da próxima consulta médica, escrevo um pensamento que me percorre dentro do ônibus a caminho do trabalho. e assim, minha vida se enche novamente de papéis que de nada me servirão, além de suscitar recordações na próxima arrumação. e lixo!

2 comentários:

Anônimo disse...

O seu blog tem muito conteudo este texto achei muito interessante e bem escrito.

http://cartasintimas.zip.net
http://oliveira.blog.uol.com.br
http://dudve.blogspot.com/( blog do meu pretenso livro)

Beatriz Provasi disse...

Obrigada, Eduardo! Entre, fique à vontade e não repare a bagunça... Beijos!