12.12.05

A bonequinha viu...

Tudo bem que eu não sou nenhuma bonequinha, e me comparar ao bonequinho d’O Globo é uma afronta... A MIM! Mas hoje senti vontade de dar uma de crítica de teatro e de cinema, que são minhas grandes paixões – mais que poesia, mais que literatura...! Ainda estou embriagada pela peça e pelos chopes que se seguiram a ela, mas putaqueopariu, o Armazém Cia. de Teatro é realmente um dos melhores grupos de teatro deste país! Já vi tantas atrocidades feitas a partir de textos de Nelson Rodrigues, tantas!... E “Toda nudez será castigada” nas mãos de Paulo de Moraes e daquele elenco de feras, mesmo depois de ler a peça quinhentas mil vezes, ainda conseguiu me surpreender!... Uma conjunção de talentos, desde o gênio do autor, ao diretor, atores, cenógrafos... Que cenário! Quase nada e era tudo!... O ritmo da montagem, quase cinematográfica... plano-a-plano... os “cortes” quase imperceptíveis... a iluminação, o som... que precisão! tudo impecável... e todos os pecados rodrigueanos lá! todas as vírgulas, todos os parêntesis, todas as rubricas... e a força da montagem era tal que ultrapassava o texto, embora se mantivesse “fiel” (entre aspas, porque esse conceito de fidelidade é problemático e eu não quero desenvolver conceitos, só impressões, que isso aqui não é um trabalho acadêmico). Enfim, enfim... enfim, uma excelente montagem de Nelson Rodrigues! Antes dessa, a única que me vem à mente é a do meu ex-professor de teatro, Luiz Carlos Persy, de “O beijo no asfalto”. Mas isso foi em 1997, se não me engano... E eu negligenciei algumas, porque me recusei a assistir! Os filmes, eu vi quase todos! - só não vi o que não tinha disponível em locadora... E não gostei da maioria! Mas “A falecida”, do Leon Hirszman (que eu vi no telão do Cine Arte UFF!), e o “Boca de Ouro”, do Nelson Pereira dos Santos, são indispensáveis! Este último me rendeu até um trabalho acadêmico... Aliás, as análises do Ismail Xavier em “O olhar e a cena” são também muito boas! Mas de cinema eu ia falar mesmo é do “Vinícius”... O Vinícius eu amei, mas o filme nem tanto... Pra mim o que segura o filme é a figura fantástica do Vinícius de Moraes, seus textos, suas músicas, suas histórias de vida... (bons depoimentos!) Mas da estrutura narrativa do filme eu não gostei, não. E achei que a Camila Morgado, que considero uma boa atriz, estava declamatória demais... O Ricardo Blat falou os textos com simplicidade e profundidade. A Camila estava um pouco acima do tom. E aquele palquinho eu achei desnecessário. Nada melhor pra ambientar os textos e músicas do Vinícius que os cenários do Rio de Janeiro, as praias, as esquinas, os botecos, as calçadas... as garotas de Ipanema... Tudo bem que elas não sejam mais as mesmas, mas... Aquela formalidade toda me pareceu firula de diretor... e as paisagens eram pausas, não eram textos! (Eduardo Coutinho que faz uma imagem falar mais que mil depoimentos!...) Além dos textos e músicas de autoria reconhecível, não vi muito Vinícius de Moraes ali! Ele não cabia naquele espaço! Ele é muito maior!... Mas é graças a ele que o filme se sustenta e termina super “happy end”... Isso até me lembrou um pouco o “Cazuza”, aquele vídeo-clipe com um sósia perfeito que tem uma historinha mal contada no meio... Você vibra com o Cazuza, porque é o Cazuza, mas o filme em si... deixa muito a desejar!... No mais, vou desejando, boas peças, bons filmes, boas poesias, boas músicas, arte, arte, arte!... E o mercado que se exploda!!!

5 comentários:

Anônimo disse...

Numa tarde de segunda-feira (?) e um texto desses. :)

Anônimo disse...

Arte é tudo. Estou em um dos pólos artísticos do Brasil (POA/RS), mas ainda falta muito para alcançarmos a concentração artística do eixo RIO/SP... Ainda tenho que ouvir calado grandes nomes da cultura sulista dizerem que foram morar no centro do país, pois "lá que as coisas acontecem". Por que esse comentário nada a ver com o texto?? Pois só agora entrou em cartaz o filme do Vinícius aqui em POA e não vejo a hora de invadir uma sala de cinema e assim poder opinar sobre a obra.

Obs. Final do ano vou visitar tua terra. Faz 14 anos que não vou ao Rio. Contagem regressiva....

Abraços,
Vianna

Beatriz Provasi disse...

Seja bem-vindo, Vianna! Mas minha terra é Niterói, Niterói é minha casa, o Rio é só meu playground...

Anônimo disse...

gosto muuuuito do seu jeito de escrever... da sua verve... do seu gingado.

Bj.

Beatriz Provasi disse...

Obrigada, Fred. Volte sempre! Beijos!