19.7.11

A falta de um estilo só é ruim pra vender produto. Como um rótulo que identifique o que é: creme de leite ou leite condensado? ervilha ou milho verde? no fim tanto faz, porque é tudo enlatado, e a lata em si já é um estilo claro. Mas a gente começa a se livrar dos rótulos e dos invólucros das embalagens. As coisas vão ficando mais confusas. Não tem onde anotar o código de barras, nem o nome da coisa. A coisa vai sendo sem dizer o que é. E é aí que a coisa acontece. Eu chamo de arte, mas poderia chamar de vida, ou do limite entre as duas. Ali onde você não sabe muito bem. Naquele ponto em que elas se confundem. Aquele ponto que de ponto, nada. Um emaranhado. Tão distante da organização perfeita das prateleiras dos mercados. Esse tipo de arte que se encontra na seção de congelados, ou até de hortifruti granjeiros, na seção dos produtos ligth, dos orgânicos, ou dos materiais de limpeza, cama, mesa e banho; não me interessa, não compro, não quero ingresso. Pergunto a amigos: qual é meu estilo? Juju responde: “é ritmo”. E o meu ritmo é descompassado. Xico Sá me disse uma vez: “beleza é ritmo, baby!”. Então eu boto palavras pra dançar e vou fumar um cigarro. E é só o que eu faço.

2 comentários:

Cinthia Lima de Araujo disse...

Botar as palavras para dançar é uma ótima metáfora. Amo a subversão do verso, e você é boa nisso, moça! Sou sua visitante assídua, agora. Bye!

Beatriz Provasi disse...

q bom cinthia, valeu! bjss