9.10.10

a imagem das coisas

para Chacal

vejo o espanto das coisas
as cores e o desespero das coisas
o grito e o choro abafado das coisas
sei do silêncio revelador de todas as coisas mudas
o silêncio aterrador das coisas mudas
os sussurros dos móveis da sala
as conversas dos postes e dos copos embriagados
essas coisas
a briga dos carros batidos no meio da rua
o vexame dos líquidos derramados
e esse chororô chato de chuvas fracas e chuveiros frios
vejo toda a solidão das coisas altas, andaimes morros helicópteros
a solidão das coisas rasas, assoalhos poças d'água
a solidão das coisas bem fixadas pedra parede
e de todas as coisas móveis rio bondinho estrada
sei da ternura de um vaso sem flor que insiste no centro da mesa
apesar de tudo
a ternura de um papel de parede florido e gasto
a ternura das coisas amareladas e esquecidas
que insistem em existir no fundo de armários e gavetas
que insistem em existir no meio de quartos e de salas
que insistem em existir
em mim

2 comentários:

Franco disse...

It's only rock'n roll, but I liked! Saudades suas, seu nome veio à tona outro dia não me lembro onde nem quando, e é isso. Um beijo!
Franco.

Beatriz Provasi disse...

q saudade, francoooo!!! a boa notícia é que estou indo pra São Paulo dia 31/10! já ia mesmo te escrever um e-mail... beijos!