18.2.10

Essas coisas

Poucas coisas têm me deixado feliz. Realmente feliz. E geralmente são as mais simples. Encher a cara e dançar nos blocos de carnaval é só falsa euforia. O que eu gosto é depois de tudo dar um mergulho no mar do Arpoador e caminhar pelas pedras e ficar olhando a cidade iluminada numa noite que de lá de cima parece tão calma. Uma flor de plástico. Uns chinelos largados. Uma água de coco na manhã de ressaca. Dividir essas coisas. Um quê de carinho, um quê de cuidado. Aquele olhar silencioso no momento que precede o beijo. A minha mão nos cabelos dele e o jeito que ele pega na minha cintura. Esses arrepios. Coisas simples como tomar uma água gelada nesse calor de matar que tem feito no Rio. Longos banhos gelados. Um ventilador. Um prato de arroz com feijão. Essas coisas simples têm me dado uma enorme satisfação. Ver o dia nascer fumando um cigarro na varanda enquanto todos dormem. Ele no meu colchão. Fumar os cigarros dele porque ele comprou a marca que eu gosto, porque ele sabe que eu gosto. Essas coisas têm me feito tão bem. Sentar com ele na mureta do Hotel Glória sem saber pra onde ir. Ficar ali, porque a gente tá cansado. Só ficar um tempo ali, alheios ao resto do mundo. Essas coisas simples que não se planejam. A gente nunca liga pra alguém e diz: “Vamos sentar juntos na mureta do Hotel Glória esta noite?” As pessoas têm necessidade de fazer coisas. Não precisar fazer nada é o que tem me deixado realmente feliz. Não precisar falar nada, e ainda assim entender o que se diz. Ainda tem umas coisas dele na minha bolsa... É o isqueiro dele que está acendendo os meus cigarros. Essas coisas.

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