29.12.09

TODOS OS RISCOS

quando se vive de amores inventados
o risco é acreditar demais
e se perder no meio do caminho
e se enrolar no fio do novelo
e se envolver na trama da novela
e se acabar no meio-fio
chorando sozinho
quando se viver de amores inventados
o risco é se arriscar demais
e caminhar no fio da navalha
e se atirar sem pára-quedas
e se lançar no pára-peito
e ameaçar um passo
e retornar assim, meio sem jeito
quando se vive de amores inventados
o risco é apostar demais
e fazer só lances altos

contando os centavos
e jogar todas as fichas

num cavalo dado, meio sem dentes
perder o último cigarro
e implorar um trago
quando se viver de amores inventados
o risco é embaralhar tudo
jogar cartas de amor e enviar tricas de áses
se lançar de isca e engolir o peixe
desinventar o fim e começar do meio
não saber que lugar é esse, que horas são, nem por que veio
se envergonhar da confusão
e sair de fininho
quando se vive de...
...é escrever poemas mal acabados
sobre coisas mal entendidas
e ter sempre o que acabar
e ter sempre o que desvendar
e nunca ficar entediado
inventar um amor
é desejar ardentemente
todos os riscos!

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