4.9.08
Reparei que você tem covinhas quase iguais às minhas. Um pouco mais acentuadas, porque estão sempre lá, marcadas, mesmo quando não há riso. Tenho a impressão de que você está sempre sorrindo. Imagino que é pra mim. Ou finjo. Tenho vontade de cavar as suas covinhas com as pontas dos dedos. Suavemente. E ir descobrindo pouco a pouco de que você é feito. Quero conhecer o que não é sorriso em você. Alguma coisa que ninguém vê. Um buraco, não no rosto, mas no peito. Uma marca profunda na palma da mão. Uma sombra nos olhos. Uma dor escondida entre os dedos dos pés. Quero te conhecer por inteiro, com as pontas dos dedos. Desvendar todos os seus segredos, os seus medos, seus anseios. E depois pousar lentamente tua cabeça entre meus seios, casar teus cabelos com meus dedos, meus cabelos nos teus dedos, pêlos formando alianças. Eu te deixaria ver cada pinta do meu corpo, só pra você perder a conta e dar risada. E eu riria junto, e te contaria umas histórias. Te inventaria um poema na hora, escreveria na tua pele. E me entregaria para a tua escrita nua. E também ouviria tuas histórias, rindo de tudo porque tudo eu acharia lindo. É tudo incrível ao redor dessas covinhas! Uma lágrima em ti teria aura de riso. E seria bonito. Não a lágrima em si. Mas essa fragilidade de mesmo na dor, não poder deixar de sorrir. E eu riria junto com você na tua dor, te fazendo secar as lágrimas e voltar a ser só risada. E riria junto nas alegrias e das coisas engraçadas. Você faria tudo parecer uma piada. A dor escondida entre os dedos dos pés. A marca afundada na palma da mão. Os buracos cavados no peito. E todos os medos. E a tudo a gente enfrentaria às gargalhadas! Unir nossos sorrisos seria a bala na espingarda, nossa arma secreta. Mas... eu ainda tenho o meu próprio medo. E eu ainda não cavei os seus segredos. Ainda sou só olhos. E você, só covinhas. Quase iguais às minhas. Quase...
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13 comentários:
Dizer de um relacionamento muitas é ser obvio, perceber o obvio de um relacionamento com certeza é ser sensível, fazer do obvio o prazer de um relacionamento é enxergar a essência, desejar o obvio do relacionamento é estar realmente amando... Gostei da simplicidade explicita dos grandes e inexoráveis simples momentos de uma relação...
valeu, wlado!
essa relação, no caso, é só o início de uma amizade. mas eu não diria só, porque amizade pra mim é TUDO!...
beijos!
Oiiii
Tô sempre aqui ,lende e vendo você em ação ,sua imaginação dá discursos e se fosse candidata a vereadora do Rio ,ganharia ,sua mente nunca vive ausente...
Nossa eu adoro esse blog!
Beijos
www.rodrigoluuz.blogspot.com
valeu, rodrigo! ó, mas sem essa de vereadora, viu?! eu não dou pra isso, não! prefiro dar minha contribuição política na área artística!... mudar o mundo com poesia!... eu não preciso de palanque, gabinete ou cargo, porque a minha revolução é do dia-a-dia! mas obrigada pela confiança, pela visita e pelo comentário. beijos!
Amei a sutileza com que você descreveu a sua amizade por este "amigo mais que amigo". Lindo!
Vc sabe que de vez em quando eu passo por aqui, leio e gosto do que vc escreve, mas este foi demais. Não poderia passar sem deixar um comentário!
Parabéns!
marcinha! obrigada pelo comentário, querida! é sempre bom ter vc por perto, aqui e lá no ichf. ter no ambiente de trabalho essa relação de amizade e de carinho. beijos!
Bela provasi, menina das hipóteses gargalhantes, pena que ser poeta carrega essa gente cada vez fundo e cada vez mais longe. Carinho enorme.
Amigo distante, mas curiosamente próximo, diz que a autora continua escrevendo bonito, que a vida têm jeito e que sempre se esquece de depositar dinheiro numa conta X de Niterói, mas que desta semana não passa... E que as coisas na sua terra estão pra lá de boas, e que vale a pena comer contra filé às duas da manhã e escrever para pessoas queridas... Um beijo do tamanho de Itaquatiara.
laurent, querido! esse carinho faz sempre a gente ficar pertinho... beijos!
franco, mi amore, tudo vale a pena com vc! saudades do tamanho do oceano inteiro... um beijo com gosto de mar!
Ora, (direis)ouvir covinhas!
:)
Hora de ver e de ouvir covinhas
Ora correis e ora caminhas
Ora subverter e ora cartinhas
Hora de beber e de correr pelas vinhas
hora de adormecer em singelas casinhas
Ora, (direis) ouvir estrelas.
Amiga de pulso firme que escreve palavras fortes e paragrafos corridos.
Saudades de suas conversas de discursos consistentes e silêncios atentos, derrame sua beleza na lingua e nas covinhas que te apetecem
Do seu amigo que admira sua poesia,
Lúcio
Lúcio!!!!!! Que saudade, amigo! Vou te escrever. Beijos!
fala querida, agora vou te visitar mais e saber o que andas pensando sempre. passa lano meu, esta convidassima! (mari, do Caldo Cultural)
beijokas
valeu, mari! agora tô correndo, mas depois vou lá com calma. beijos!
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