1.9.08

O que Ela espera é outra coisa. Não é um esperar de espera. É de esperança. Ainda assim é desespero. Como se a esperança esperasse no alto da torre mais alta. E Ela, agarrada às suas tranças, se encontrasse no meio. Muito alto pra cair. Muito alto pra subir. E se agarrasse ferozmente no emaranhado desses cabelos, para permanecer ali, com medo do olhar para baixo, sem forças pra ir além. Ali no meio, à espera de um milagre. De uma esperança-pássaro que a resgatasse. Mas a esperança era a princesa no alto da torre, com seus longos cabelos esvoaçantes para lá e para cá ao sabor do vento. Prender-se a um fio, um fio de esperança, já era um feito e tanto naquele vendaval que sacudia o mundo, e levava seus cabelos para longe em questão de segundos. Mas eram tão lisos e sedosos os cabelos da princesa, que ao subir se deslizava, tornando sempre ao mesmo ponto. Como subir uma escada rolante que desce. Ou andar na esteira. Então a esperança é isso. Exercício. E não algo que se alcança, um lugar a que se chega. É somente o que nos fortalece. Com os músculos cansados e a respiração ofegante, Ela deixou-se deslizar até o chão. Soltou o fio fino que retia na mão. E com lágrimas nos olhos, contemplou o aceno de adeus dos cabelos esvoaçantes. Exausta, vencida, humilhada, sentia-se fraca. Ela não sabia, mas estava mais forte.

4 comentários:

jupyhollanda disse...

esse texto é para quem? quem é ELA?

Bjinho,

Juju

Beatriz Provasi disse...

oi juju! esse texto é para todas que se identificam com Ela... e como todas as minhas "elas", tem muito de mim mesma aí. mas não é ninguém em especial. é um trecho daquele livro que te falei que estou escrevendo... beijos!

Anônimo disse...

...negativo, Ela sou eu!!!! Amei Bia, lindo demais!
bjão

Beatriz Provasi disse...

adriana, querida! é seu então! beijos