13.2.06

Umas semanas de 100 anos de solidão

Na cidade pipocam blocos de carnaval, shows de verão, eventos ventam por aí reunindo pessoas e dando um alívio ao calor abafado de estar só. Eu busco concentração, preciso estar só. Ler e escrever pedem solidão. Mas meu coração ainda bate na cadência do samba, me impelindo a ver gente, sentir gente, conhecer gente, tocar gente, amar gente. Hoje completei 25 anos. Consegui reunir gente ontem e hoje, com muito custo, debaixo de chuva. E senti uma brisa de alívio em cada abraço apertado. E chorei aliviando a alma de cada abraço apartado pela ausência. Agora, mais calma, após momentos intensos de euforia e lágrimas, preciso me centrar. As praias não vão sair do lugar, os blocos continuarão passando, e eu, passarinho, ainda abrirei muito minhas asas e sairei voando por aí espalhando meu canto nos quatro cantos do mundo!... Em 25 anos vivi intensamente, mas dei muitas voltas sem sair do lugar. Nos próximos 25, vou criar muitos lugares para dar voltas, e ocuparei outros tantos que me envolvem. Nos próximos 50, após já ter sambado muitos sambas, vou sambar ainda mais! E daqui a 75, se eu ainda não estiver embaixo da terra, vou voar acima do céu e vislumbrar minha vida numa panorâmica em plano geral e, pra surpresa de todos os que me julgarem morta, não falarei “eu vivi”, mas urrarei “eu vivo”! E nesse tempo todo, essas semaninhas de clausura não passarão de um mísero grão de areia. Mas um grão necessário para se erguer um castelo! E depois dessa, acho que posso até escrever um livro de auto-ajuda e ganhar dinheiro para os próximos 100 anos!!!!!!!!!!

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