22.2.06

miscelânea

Carnaval e Monografia
Eita, ressaca braba! Um dia inteiro lagarteando... Não posso me desvencilhar da máxima "um engov antes e um depois". Dá nisso. Vai ser difícil me conter nesse carnaval. Eu quero me formar. Tenho que estudar. Mas em pleno carnaval do Rio, isso é uma puta tortura! Ontem teve Miscelânea no Odeon. Foi insano de tão bom!!! Eu não queria ir. Eu juro! Só iria dar um pulinho na Fundição pra assistir a uma leitura do Armazém Cia. de Teatro com o Luis Melo. Mas o Odeon era ali tão pertinho... Não resisti. Caí na folia. Estou derrubada, agora. "Amanhã vai ser outro dia / Amanhã vai ser outro dia". E depois, dias e dias de carnaval. E eu numa luta inglória comigo mesma pra permanecer em casa e terminar esta maldita monografia.

Teatro
O Luis Melo estava encantador, com sempre! E o time do Armazém que jogou com ele é campeão! O texto escolhido - "Combate de negro e de cães", de Bernard-Marie Koltès - é maravilhoso! E numa simples leitura eles me transportaram para dentro daquela atmosfera com toda a força de uma encenação do Armazém. Um banquinho, um texto bom. Bons atores fazem disso uma bossa e tanto!

Cinema
Depois de rever no cinema "Deus e o Diabo na terra do sol", do Glauber. Depois de rever em DVD "Quanto vale ou é por quilo?", do Sergio Bianchi. Depois de ler a "Dialética do espectador", do Tomás Gutiérrez Alea, e "O espetáculo interrompido", do Robert Stam. Depois disso tudo em uma semana, eu fui ver "O jardineiro fiel", munida ainda do distanciamento crítico brechtiano. Conclusão: fiquei o tempo inteiro analisando as técnicas de identificação, a linearidade e a continuidade da narrativa, início, meio e fim, causa e efeito, a forma como o filme joga com as emoções espectatoriais, aquela sensação de "happy end" que restaura a ordem e faz com que o espectador saia do filme sem que nada daquilo afete a sua vida cotidiana para além do entretenimento. E não gostei do filme. O ruim de estudar cinema e ser revolucionária é que você deixa de apreciar bons filmes de entretenimento, porque fica sempre analisando de maneira distanciada e querendo algo mais... Segue uma breve passagem do Gutiérrez Alea:

“Há quem pense, com a melhor boa-fé, que se substituirmos Tarzan por um herói revolucionário poderemos conseguir mais adeptos para a causa da revolução, sem perceber que por si só o mecanismo de identificação ou empatia com o herói, se se absolutiza, coloca o espectador no ponto no qual a única distinção que existe é entre ‘maus’ e ‘bons’ e se identifica naturalmente com os últimos, sem entrar em considerações sobre o que verdadeiramente representa o personagem. Resulta então intrinsecamente reacionário porque não opera a nível da consciência do espectador: longe disso, tende a adormecê-la.” (p. 56)

Um comentário:

Beatriz Provasi disse...

Também não gosto muito, Luiza. É uma espécie de divã virtual. Mas funciona, às vezes. Dei uma olhada no teu blogue, legal! Beijos!