20.11.12

pequena viagem noite adentro


o barulho do ranger dos dentes
aquecimento de motores
na garganta
o tempo se faz de baleia encalhada
no meio da sala
há grades em todas as janelas
alarmes de incêndio, câmeras de segurança
as câmeras da CET-Rio agora
filmando a minha fuga em alta velocidade
meu poder sobrenatural de entortar grades
faz de mim
um herói ou um gorila?
tanto faz,
todo herói carrega um gorila no peito, né mesmo?
lá vou eu com meus macacos desgovernados...
meu chão movente se afundando a cada passo
– não, eu nunca varri os pés pra debaixo do tapete –
lá vou eu também com os meus anjos descontentes
de hora em hora, perguntando: já chegou? já chegou?
como se houvesse realmente onde chegar...
lá vou eu, lá fui, até me perder de vista
numa curva acentuada
que engole
o resto da estrada

2 comentários:

zorro disse...

Muito lindo. Todos os poemas teus que eu leio tem sabor de viagem, amor e loucura.obs -Em 1984 eu li ON THE ROAD e fui de Porto Alegre até Canoa Quebrada delirando na estrada sem fim,desde lá nunca mais voltei prá casa realmente. Só em pedaços.

Beatriz Provasi disse...

valeu, querido! viagem, amor e loucura. é, faz sentido. já te respondi lá o outro comentário tb; desculpa a demora, q eu tava off. beijos