2.5.10

GAROTA PÓS-CONTEMPORÂNEA

para Taianã Mello

garota pós-contemporânea
cosmopolita
toma uma vodka no meio-fio
mas jamais de havaianas
guarda um sapatinho de cristal
pra cada príncipe encantado
mas pode quebrar sem dó o sapato
na cabeça de algum sapo
ai daquele que despertar o dragão adormecido
no coração da princesa!
ela nasceu pra rainha de copas
mas traz uma alice maravilhada no seu sorriso
“cortem-lhes as cabeças!”
mas não sem antes lhes fazer um cafuné nos cabelos
a força enfurecida dessa garota
na cena, na vida
mais esse sorrisinho safado de menina
funcionam como um imã
ou coisa que hipnotiza
difícil não atender aos seus desejos
ou não achar lindos todos os seus caprichos
- oui, mademoiselle.
ela ri
ri muito, ri de tudo
sabe que esse mundo não passa
de uma piada mal contada
mas pega o fio da meada
e produz a própria graça
impossível não ser cúmplice das suas gargalhadas
ecoando pela madrugada
às vezes ela parece a mãe do mundo
cuidando de tudo e de todos
pois eu pego essa garotinha no colo
(e quem disse que ela é pesada?)
eu pego essa garotinha no colo, essa coisa pequena e delicada
e digo:
- pode chorar, está na sua hora de ser cuidada.
e ela pode chorar tudo o que precisa
porque eu não sou súdita, eu não sou mãe e não sou filha,
não sou um príncipe nem um sapo,
eu sou sua amiga.
achamos esse pequeno mapa do tesouro
no meio da loucura urbana
e é por isso que estamos sempre zanzando no meu carro
seguindo as indicações do mapa
eu, oscar, o leãozinho, a coisinha mística,
uma zabumba dentro do peito,
e essa garota pós-contemporânea.

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