27.7.07

Êita porra, Quampa!...

Belvedere, o livro do Chacal que fica em pé sozinho (já virou jargão...) na prateleira, sem precisar se escorar nos outros, é sensacional! Ainda não li todo, mas acho que as melhores poesias eu já conhecia. A novidade pra mim é o Quampérius, um livro fininho fininho que vem encartado! Não é novo, data de 76/77, mas foi reeditado especialmente pra sair com o Belvedere. Quampérius é um herói nacional, tal qual um Macunaíma! Muito bom acompanhar suas peripécias em verso e prosa e outras formas... Sim, outras formas! Como por exemplo as questões de múltipla escolha de "Quem?":

em mineápolis, outubro de 1957,
surgiu a seguinte questão:
- quem disparou a flecha que vai para niterói?
a) o cristo redentor.
b) quampérius.
c) guilherme tell me who.
em belfort roxo, anos depois,
a questão aumentou.
- a quem atingirá a flecha?
a) araribóia.
b) gerson, o canhotinha.
c) o saco de são francisco.
tan tan taran tan tan tan tan taran tan tan tan

Claro que tem referências no livro que não são da minha época e que eu não peguei, outras captei pelo que eu sei li estudei do período. E no período de ditadura descrever cenas de tortura, mesmo que numa "fábula", me parece bastante transgressor. Sim, trasgressor no conteúdo, mas também na forma, e pra mim é aí que se dá a verdadeira revolução! Porque ficar bradando frases feitas com punhos cerrados dentro das estruturas carcomidas do Estado não leva a lugar nenhum... (talvez um dia ao poder, vide Lula lá...) Putaqueopariu, a luta de classes entre o chato e o piolho é foda!
Bom, e ainda eu cá com as minhas referências pós-modernas devo dizer que a "Grande corrida a Lua" me lembrou muito a "Corrida maluca", um desenho animado que eu adorava (aquele da Penélope Charmosa, em que o Dick Vigarista sempre armava pra tirar os adversários do páreo), só que nesse caso, Quampérios é o que arma, e não é o vilão, mas o nosso herói! O final é surpreendente e com sabor de crítica política, mas eu não vou contar... hahaha
Tem que deixar só o gostinho pra quem ainda não leu correr pra ler... Então finalizo com outro ótimo trecho, sobre poesia marginal:

- ALÔ, É QUAMPA?

- não... é engano.
- alô, é quampa?
- não, é do bar patamar.
- alô, é quampa?
- é ele mesmo. quem tá falando?
- é o foca mota da pesquisa do jota brasil. gostaria de saber suas impressões sobre essa tal de poesia marginal.
- ahhh... a poesia. a poesia é magistral. mas marginal prá mim é novidade. voce que é bem informado, mi diga: a poesia matou alguém, andou roubando, aplicou algum cheque frio, jogou alguma bomba no senado?
- que eu saiba não. mas eu acho que é em relação ao conteúdo.
- mas isso não é novidade. desd'adão... ou voce acha que alguem perde o paraíso e fica calado. nem o antonio.
- é verdade. mas deve haver algum motivo prá todos chamarem essa poesia de marginal.
- qual, essa!? eu tou achando até bem comportada. sem palavrão, sem política, sem atentado a moral cristantã.
- não. não to falando desse que se le aqui. to falando dessa outra que virou moda.
- ahhhh ......... dessa eu não tou sabendo. ando meio barro-bosta porisso tenho ficado quieto em casa. rompi meu retiro prá atender esse telefone. e já que ti dei algumas impressões, voce vai mi trazer as seguintes ervas prá curar meus dissabores: manacá carobinha jurubeba picão da praia amor do campo malva e salsaparrilha. até já foca mota.

Depois rola uma receita excelente com essas ervas! E várias outras peripécias quampéricas recheiam o livro! Esse não fica em pé sozinho, é um fininho, mas dá uma oooonda!...

2 comentários:

Anônimo disse...

Bia,

esse fininho dá um MAR............

Ainda não tenho os livros,mas terei.E se vc gostou,é pq é foda mesmo!!!

=**************

Beatriz Provasi disse...

É sim, Carol! Corre pra ler, que vale a pena!
E vê se aparece no CEP pra gente se conhecer! Vou apresentar uma performance que... eu não vou falar o que é pra não estragar a surpresa! É a primeira experiência de um projeto maior. Tô animada!
Beijos!