16.2.07

Olhos-nos-olhos, os meus

Nunca tinha reparado como meus olhos brilham e como são lindos quando brilham e como eu brilho toda quando essa extensão mais iluminada do meu corpo – os olhos – brilha. Verdes bem escuros, quando brilham como brilham agora, meus olhos são como pedras preciosas. São mais preciosos que pedras preciosas, cujo valor se mede em dinheiro. O valor desse brilho nos olhos é incomensurável. (Quanto vale uma paixão?) É isso! São olhos apaixonados de uma paixão única e visceral! Eu me olho no espelho e meus olhos brilham e o espelho reflete o objeto da minha paixão. Apaixonar-se por si é a melhor paixão que se pode sentir, uma paixão plenamente correspondida e, ao mesmo tempo, imprevisível como são as grandes paixões. Engana-se quem pensa que conhece a si mesmo e se pode prever. Se uma paixão lhe arrebata a alma, logo se descobre em si nuances jamais imaginadas, gestos, cores, tons, sabores... Eu me vejo outra e os outros me vendo me ver outra me vêem outra também. Outras vêm ocupar seu posto em mim. Elas me surpreendem. (Adoro surpresas!) Cada dia é outro dia e eu outra também. E eu me apaixono por cada uma delas que vejo surgir em mim, sempre com o mesmo brilho nos olhos, sempre verdes, preciosos, não como pedras, duros-parados, mas como o ar que se respira e em que voam os pássaros e em que paira a minha alma extasiada... Olho-me novamente, e percebo como meus olhos são grandes e como neles cabe o infinito, arredondando-se indefinidamente para fora dos contornos do meu rosto... Começo a me perceber e a me admirar nos mínimos detalhes. Talvez me julguem fria os que não têm para si meus olhos voltados. Mas os que me olharem nos olhos, os olhos que eu permitir nos meus, sentirão o quente da luz que emanam como jamais pôde sentir quem os fez apagarem pra tê-los pra si.

Um comentário:

Anônimo disse...

que brilhem teus olhos que só dependem de quem os vir brilhar.e aos mais egoísticos aprisionadores de raios olhares,só um lamento contenta.beijo,dudu