18.5.13


Aquela velha mania de bagunçar o jogo quando penso que estou perdendo. De inventar todos os monstros que vão justificar meus medos. De chutar a bola na vidraça, e depois sair correndo, me escondendo atrás do riso. De ralar os joelhos. De falar mais que a boca. De soltar o coelho da gaiola, quando era só pra dar cenoura. De espernear quando não dói, só pra fazer cena. E rir bem alto quando começa a doer, e dizer que não tá doendo. E quando a dor arrebenta por dentro, se esconder no banheiro e chorar pro espelho, apenas. Aquela coisa de correr pelo mato pegando carrapato dos vira-latas da rua. De ter um formigueiro embaixo dos pés, e não parar quieta. De pegar resfriado na chuva. De pedir colo e chocolate quente. De dormir mais que as horas mortas de um relógio parado. De ter muita preguiça. E gostar de ouvir histórias. E guardá-las na memória. E sobretudo acreditar nelas. Eu já estou velha demais pra tudo isso. Então, por que eu ainda bagunço tudo? E por que eu ainda acredito?

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