4.4.12

DÚVIDAS FREQÜENTES

Quantas lembranças há no gesto do esquecimento?
Cegar os olhos de certas visões apaga as cores?
Ainda há luzes quando se apaga a luz?
E para onde fogem os sonhos quando a gente acorda?
E o que ocorre às coisas do cofre ao se jogar a chave fora?
Para onde vai o riso do palhaço quando ele tira a maquiagem?
E o meu riso, para onde vai quando vai embora?
As covinhas são abismos onde ele mergulha e se esconde,
e quando elas abrem as portas é que ele salta pra fora?
E por que não há um poço no rosto pro esconderijo das lágrimas?
Por que não escorrem pra cima e mergulham nos olhos?
Eu matei um deus quando deixei de crer,
ou já era um morto sem eu o saber?
Pode morrer o que nunca viveu?
E se viveu e não disse, como eu o saberia?
Qual é a cor da morte, luz ou noite?
O silêncio é a morte do som?
O que alguém chama quando chama meu nome?
E se eu não responder ao que se chamou, foi um “eu” que não escutou?
ou um outro que não estava aqui?
E se eu não soubesse o que responder, o silêncio mataria meu nome?
Perguntar serve pra que, viver ou não dizer?

2 comentários:

Paulo RSM disse...

Oi Bia,
tenho gostado muito dos seus poemas. esse me deu uma vontade de brincar com o velho Sócrates (que talvez seja mais poeta do que supunham): "tudo que sei é que nada sei"...mas o que sinto, ah, como sinto!

até mais!
Paulo.

Beatriz Provasi disse...

é bem por aí... perguntar é uma atitude filosófica, mas tb pode ser uma atitude poética... poesia pode ser filosofia, e há um monte de filosofia poética por aí... "não saber" é potente, é o q motiva descobertas, ou pelo menos buscas. um livro q eu amo e q me inspira nesse movimento aí é o "livro das perguntas" do neruda. beijos