30.8.10

AINDA AS MOSCAS-MORTAS (QUE NOS RONDAM...)

às vezes 10 mil demônios
e outros tantos anjos
atravessam um poema
a gente apenas deixa
que eles conduzam nossas mãos nas teclas
a gente apenas deixa
que eles ardam
ou toquem canções celestes
dentro do nosso peito
há quem não ouça o crepitar do fogo
ou da harpa, a vibração das cordas
há quem não ouça nada
um galo cantar no meio da madrugada
uma batida de carro
um choro de criança
um uivo de bêbado
uma canção de amor
há quem nunca tenha dito um "eu te amo"
há quem nunca tenha ouvido
há quem nunca tenha xingado todos os nomes feios
há quem nunca tenha tomado porrada da vida
não são poetas
os surdos a esses apelos
não são poetas
são meros - e digo meros, meros mesmo! -
estes são meros escrevedores de versos.

2 comentários:

Fábio Pedro Racoski disse...

Então, acho que posso dizer: sou poeta!

Belos versos! Gostei do seu blogue; vou frequentá-lo.

Ah, e peço licença para divulgar-lhe o meu blogue: www.racoski.com

Um abraço!

Beatriz Provasi disse...

valeu, beijos!