25.3.13

achados & perdidos


já enfiei a mão num saco de confetes
e lancei cheia para o alto
não sei o que o meu coração estava fazendo ali
- ficou no chão com outros confetes enlameados.

já chutei a gol
e espatifei meu coração na trave
uhhh... vibrou a arquibancada
- foi quase.

costumo atirar pela janela do carro
junto com as guimbas de cigarro
nem vejo no retrovisor o coração atropelado

certa vez pus sem querer na lata de lixo reciclável
fui advertida por um ambientalista:
“lixo orgânico é do outro lado”
- eu sou muito distraída.

mas sei lá... ele sempre dava um jeito e voltava.

não lembro onde pus da última vez
já revirei todo o quarto, a papelada, as gavetas, armários
não vi nenhum acidente nos noticiários, nada, nada

ando enfiando qualquer coisa no peito
um relógio, um trator, uma garrafa de uísque,
uma pedra, uma montanha inteira
ficou um buraco, sabe.

lembro da sua voz quase paternal que insistia:
“cuida melhor do que é seu”.
e eu ia ficando irritada e pegava e te dava:
“toma, é teu, cuida você e não me enche o saco!”
numa dessas, vai ver você enfiou no bolso
e levou embora
siiiiiim,
foi isso mesmo!
depois de você,
ando enfiando qualquer coisa no peito.

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