31.10.09

NUMA NOITE QUALQUER...

I
quando colhemos a poeira das ruas
e os postes iluminam apenas poças d’água que refletem solidão e dor
e uma criança vende chicletes na madrugada
e um bêbado grunhindo gemidos desconexos
corta o silêncio, invade o poema
falar de flores e da luz da lua
não vale a pena


II
um hippie corta palha e me faz uma esperança
eu não quero, estou dura
um hippie corta palha e me faz uma flor
eu não quero, estou dura
me faz um peixe, um pássaro
várias formas de dobradura
quando ele já está convencido
me presenteia
de peixe, pássaro, flor
de esperança
e eu tiro do bolso um sorriso
quase doce
de criança


III
uma sirene de polícia
de ambulância ou de bombeiro?
uma rajada de tiros
ou de fogos de artifício?
uma confusão
ou um festejo?
um bêbado xingando
ou bradando versos de amor?
é de alegria ou dor
de medo ou esperança
a síntese dos sons da madrugada?

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