MENINO ATRAVESSANDO O HOMEM
para Fernão Monteiro
menino atravessando o homem
de sustos e travessuras
de risadas largas, sem censura
menino atravessando o homem
de inocência sincera
das verdades mais puras
atravessando com o homem
todas as ruas
lhe dando a mão
lhe conduzindo por vias seguras
menino atravessando o homem
seus eternos olhos de descoberta
sua alma de transparência
sua implicância de taurino
que diverte toda a turma
com esse jeito de menino criado na rua
jogando bola, soltando pipa,
e brincando de vento pra levantar a saia das meninas
- eu, não! foi o vento...
diria ele com um sorriso faceiro
e ninguém lhe creria menos sincero
menino atravessando o homem
guloseimas guardadas nos bolsos da alma
e um coração cheio de pipocas estourando
menino atravessando o homem
com o sorriso mais puro
de quem não se contaminou pelo mundo
menino atravessando o mundo
a passeio...
me dando a mão no meio da tarde
para uma volta em todos os parques
me dando a mão no meio do escuro
me dando a mão no meio de lágrimas e soluços
me dando a mão no meio da tempestade
menino me fazendo sorriso no meio de medos e dores
me dando a mão, o ombro, um poema
um brinquedo colorido, um doce açucarado,
um desenho animado, um motivo pra risada
me dando tudo isso que ao mesmo tempo é uma coisa só, que é tudo:
amizade.
(poema para ser lido com a base e o refrão da música "Cheira a confusão", de Arnaldo Brandão)
10 da noite ele abre a porta do carro pra ela entrar
com um sorriso de dilacerar corações
10 e cinco ela puxa um cigarro depois de afivelar o cinto
ele tava sacando e já chega com o isqueiro
10 e meia já tem um rock pulsando na sua veia
ele manda a letra, ela cai
dribla um, dois, três marmanjos que se dizem mais
e já tá lá, na cara do gol
onze e pau ele já tem um poema na ponta da língua
língua na boca, boca na língua, língua na boca, boca na língua
vai na ginga,
goleando...
vai rolando um, dois, três rock and rolls
nos acordes da noite
meia-noite ele encontra sapatos de cristal
largados no asfalto
guarda um, dois, três, mais...
príncipe das cinderelas da nigth
não nega majestade
duas da manhã, ele estende tapetes vermelhos
na orla dos bares
elas passam pra lá e pra cá desfilando
e ele lá, só olhando...
logo logo ele saca a guitarra
engatilha os pedais
e dá tiros pro ar
é o rei do pedaço
e ele tá lá, só tocando...
as princesas descabeladas gritando gritando gritando
e ele lá, só tocando...
mata uma, duas, três, mais
só tocando...
acena com um olhar de descabelar corações
e elas ficam na sua, na sua, na sua
elas ficam na sua
e ele lá, só tocando...
4 e tal, ele diz que elas são totalmente demais
lindas como neném, lindas como um robô
gatas de Avalon, que delícia e que tais
elas não conseguem se controlar
e ele lá, só tocando...
amanhece ele diz “adeus”
elas dizem “não”
ele diz “já foi”
elas dizem “mais”
ele diz “me deixa em paz, doçura”
“me deixa em paz, doçura”
ele diz “doçura”
“até mais”
só tocando...
“doçura”
só tocando...
“doçura”
“até mais”
Não sei não, não sei não, não sei não (3x)
Tão bela é a timidez
me prendo aos afetos
não erro nem acerto
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