talhando palavras com bisturi
como se o deslizasse
sobre a carne humana
corte preciso
e necessário
porque há algo dentro que não vi
um órgão que falha
às vezes meto logo a navalha
puta em briga de rua
que escancara o verbo
puxa a gilete
e se lasca
gosto dos versos descabelados
com que me atraco
no chão imundo
de um pardieiro
fica no ar um odor
que é ainda melhor
que o cheiro do hospital
- o mesmo éter pra todo caso terminal
mas retomo o bisturi
a agulha de cerzir
corto, costuro aqui e ali
há poemas que desmaiam
perdem os sentidos
há os que perdem a vida
na mesa de cirurgia
e há ainda os que morrem à míngua
na fila de espera de um transplante
mas tem poema que fura a fila,
se apressa
no tráfico de órgãos que eu mesma faço
não pondo preço,
mas por puro apreço
a alguns versos
médica ou puta
bisturi ou navalha
de tudo me valho
porque o que vale
é o poema que vive
é o poema vivido.
(obs.: Este ainda vai pra mesa de cirurgia um dia... mas já tá vivo)
4 comentários:
pura belezura. faca só lâmina. imagens claras translúcidas. bjovos.
q bom q gostou! bjs!
**taqpariu,q f***=D
É o poema q eu queria fazer,mas não fiz por incompetência,ou sei lá o q.É lindo esse poema,adorei;)
Kisses=**********
Valeu, Carol! Beijos!
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